The Mandalorian cria cenário Lovecraftiano recheado de monstros em episódio pós-apocalíptico - Crítica com Spoilers

The Mandalorian cria cenário Lovecraftiano recheado de monstros em episódio pós-apocalíptico - Crítica com Spoilers

Com ritmo acelerado, Capítulo 18 da série de Star Wars explora planeta devastado e encontra criaturas lendárias

Guilherme Jacobs
8 de março de 2023 - 7 min leitura
Notícias

O texto abaixo contém spoilers de "As Minas de Mandalore," segundo episódio da terceira temporada de The Mandalorian. Repitam comigo: MANDOOOOO!!

Bom, isso foi rápido.

Semana passada, The Mandalorian sugeriu que sua terceira temporada poderia ser um grande fetch quest. Din Djarin (Pedro Pascal) e Grogu (Baby Yoda) partiriam numa grande jornada pela orla exterior da galáxia buscando o componente de memória necessário para restaurar IG-11, para então, enfim, partirem para Mandalore. O planeta natal da fé mandaloriana e suas águas subterrâneas, onde Mando precisa se banhar para obter perdão, seriam o clímax. Felizmente, não foi o caso. O roteiro econômico de Jon Favreau não está guardando as aventuras mais esperadas para momentos futuros, criando uma série de paradas (que podem ser divertidas) pelo caminho simplesmente para inflar sua história e testar a paciência da audiência. Pelo contrário, já em seu segundo capítulo do ano, Mandalorian vai a Mandalore.

A abordagem de Favreau é bem-vinda, e The Mandalorian está longe de ser a única série entendendo isso. Na era atual de TV, as melhores produções se colocam em posições difíceis; contam a melhor história possível e confiam na criatividade de seus criadores para encontrar maneiras de continuar indo pra frente, encontrando novas propostas intrigantes. The Mandalorian não é Succession, nem Better Call Saul. O princípio, porém, parece o mesmo. É mais interessante, dramaticamente falando, levar Din (e a Bo-Katan de Katee Sachkoff) para Mandalore, e lá descobrir o surgimento de novas narrativas, novos obstáculos e novas possibilidades.

A ida ao planeta, cuja superfície — cristalizada após o purgo cometido pelo império — se tornou uma pintura pós-apocalíptica, é permitida graças a uma rápida e divertida visita a Tattooine, onde Peli Motto (a sempre hilária Amy Sedaris) convence nosso herói a deixar seu preconceito com dróides de lado e levar um de seus robôzinhos na missão. A solução, claro, é óbvia. Mando não precisa de IG-11 para saber se a atmosfera de Mandalore está envenenada, e seria frustrante passar vários episódios ignorando isso. Chegando lá, nos deparamos com um cenário retratando a distopia em Star Wars. O que acontece quando um mundo morre?

Isolados da galáxia por conta de campos magnéticos, Mando e Grogu, agora acompanhados de R5, pousam em Mandalore e após uma rápida missão de resgate quando o dróide é capturado por uma raça que vivia nas profundidades do planeta, temos a confirmação de que a maldição não é verdade. Mandalore não foi envenenado. Na verdade, ainda há vida lá.

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Isso não significa, porém, que não há perigos. Primeiro são os alamitas, criaturas com visual semelhante a homens da caverna (ou Bokoblins de Zelda). Antes, eles habitavam as terras devastadas de Mandalore, e agora correm livremente pela superfície do planeta, e por suas cidades abandonadas abaixo da superfície. É para lá que vamos.

A visão, esverdeada pelos cristais e abandonada por conta do genocídio, traz à mente os contos de H.P. Lovecraft. A direção de Rachel Morrison abraça essa atmosfera mais opressora enquanto mostra exploradores caminhando em meio a civilizações outrora imponentes e ricas, mas que agora colecionam poeira e cadáveres, e emelhante às narrativas do escritor de terror cósmico, há mais monstros esperando os heróis. Quando um alienígena meio dróide, meio animal (impossível não lembrar de Grevious) captura Din, Grogu é forçado a agir sozinho.

Separado de seu pai, Grogu ganha a chance de mostrar seu crescimento. Ele enfrenta um inimigo, mas fugir é a melhor opção, e para sublinhar o desenvolvimento da criança, o Baby Yoda consegue partir para a única aliada próxima e reencontra Bo-Katan. Ele prestou atenção nas aulas de navegação. É uma decisão até ousada da parte de Favreau. Grogu ainda é visto mais como mascote do que como personagem, mas o tempo está passando e ele está ganhando experiências. Ainda incapaz de falar mas cada vez mais expressivo, Grogu, eventualmente, precisa ser mais do que um coadjuvante fofo para ser resgatada, e sua primeira caminhada solo pelo holofote, ainda que básica (fugir e voltar), é um bom começo.

Bo-Katan, claro, consegue derrotar os alamitas e liberta Din das garras de seu inimigo numa sequência de ação empolgante, onde seu uso do Darksaber mostra o potencial destrutivo da arma quando empunhada por alguém já proficiente com ela. Din ainda tem um longo caminho pela frente. Então, perpetuando o ritmo acelerado do episódio, Favreau não guarda as minas para o episódio seguinte, e encena a conclusão do capítulo nas águas supostamente mágicas do planeta.

Novamente num cenário digno de terror, onde é impossível ver se há algo abaixo das ondas, Mando se banha e aparentemente conclui sua busca. Então, em mais um toque lovecraftiano, uma gigantesca criatura lhe puxa para as profundeza. Bo-Katan o resgata, e enquanto sobe em direção à superfície, ilumina uma fração desse Cthulhu. Já é suficiente para o identificarmos. Trata-se, na verdade, de um mitossauro.

A espécie, nativa de Mandalore, é fonte de lendas e (como o nome já diz) mitos. Hoje usado como símbolo, o mitossauro era usado pelos antigos mandalorianos em batalhas, com os guerreiros literalmente montando estes gigantes, e quem assistiu à O Livro de Boba Fett lembrará da fala da Armeira (Emily Swallow) sobre a canção profética a cerca do surgimento de um novo mitossauro. Tal evento, ela disse, iniciaria uma nova era para Mandalore.

A questão é... que tipo de era? Será um novo período de paz, como quando a irmã de Bo-Katan governava? Ou teremos mais guerras civis, mais batalhas inúteis que impedem esse mundo de prosperar quando como era liderado por Tarre Viszla? A julgar pelo andar da temporada, não demorará muito para termos uma ideia.

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