
Mulher-Hulk traz o melhor final de uma série da Marvel em “De Quem É Essa Série?” - Crítica com Spoilers
MCU entende que, às vezes, o melhor é rir de si mesmo em conclusão que destrói a quarta parede

Crítica
A essa altura, você provavelmente já deve saber das principais reclamações a respeito de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis — muitas delas, inclusive, endossadas aqui no Chippu. O excesso de dependência da série em participações especiais, a qualidade da computação gráfica, etc, etc. Ao longo de nove episódios, a série do Disney+ têm subvertido expectativas, mas nenhuma chega perto do que acontece em “De Quem É Essa Série?”.
Ao apontar o dedo para si quando fala de todos os problemas da série (e, em parte, do MCU como um todo), a Casa das Ideias fez do encerramento da temporada o melhor de suas séries até agora. Em apenas meia hora, a Marvel, que tantas vezes foi criticada pelo excesso de humor, mostrou que, às vezes, o melhor é rir de si mesmo.
O ponto de partida se dá após a condenação de Jennifer Walters (Tatiana Maslany), que é impedida de usar seus poderes após morder a isca da Intelligência, o grupo online dedicado a caçá-la. Um golpe de sorte faz com que Nikki (Ginger Gonzaga) descole um convite para o coquetel de vitória da seita, que acontecia no retiro de Emil Blonsky (Tim Roth), o Abominável.
Tudo se encaminha para um inevitável conflito cheio de ação com cara de “terceiro ato” dos filmes do MCU, até que Jennifer faz uma das quebras de quarta parede mais espalhafatosas de uma produção de super herói até aqui, envolvendo até mesmo o menu da plataforma do Disney+. É algo que não ficaria deslocado de um filme do Deadpool, por exemplo (aliás, se a Marvel não estiver pensando em juntar os dois em Deadpool 3, está perdendo uma grande oportunidade).
Em apenas dez minutos e um rápido passeio por uma versão do Marvel Studios carregada no realismo fantástico, o roteiro dispara provocações e tiradas sobre praticamente tudo o que vinha sendo criticado na série da Mulher-Hulk até aqui, trazendo até mesmo uma análise surpreendentemente honesta dos próprios problemas que a Marvel enfrenta como um todo desde o início da Fase 4, não apenas nas séries, mas também nas produções maiores.
Nem mesmo quem manda no negócio é poupado, já que Kevin Feige é nada sutilmente comparado a um algoritmo por meio de um robô cujo nome é um acrônimo do chefão do Marvel Studios, e que decide o desenrolar e o desfecho de todo o MCU em uma sala tecnológica que transforma produções cinematográficas em um painel de computador no qual elementos podem ser adicionados e retirados ao bel-prazer.
(Mais surpreendente ainda é ver que, logo após, a série ainda consegue encaixar uma sutil crítica às questões envolvendo o orçamento de computação gráfica, levando em conta que a Marvel vem sendo apontada como uma das clientes mais tóxicas dessa indústria atualmente).
Há vícios? É claro, já que a produção ainda dedica alguns minutos a girar a roda da trama geral do MCU, em especial com uma aparição surpresa de Bruce Banner (Mark Ruffalo) nos momentos finais. Mas este realmente não é o foco.
Acima de tudo, Jessica Gao e a equipe criativa da produção conseguem traçar uma surpreendente jornada que, a princípio, parecia sem sentido e modorrenta, mas soube utilizar exatamente essas características como um alicerce para virar a mesa no final. A batalha física, espiritual e metalinguística que Jennifer Walters trava para conseguir, enfim, ser a protagonista de sua própria história se paga com dividendos no final da série.

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