Mulher-Hulk funciona, apesar dos efeitos especiais ruins, graças a um texto engraçado e uma ótima atriz - Crítica do Chippu

Mulher-Hulk funciona, apesar dos efeitos especiais ruins, graças a um texto engraçado e uma ótima atriz - Crítica do Chippu

Situações cômicas e carisma de Tatiana Maslany não são suficientes para nos fazer esquecer do CG, mas salvam a série

Guilherme Jacobs
17 de agosto de 2022 - 7 min leitura
Notícias

Há uma espécie de padrão se formando nas séries da Marvel em 2022. Assim como os melhores momentos de Cavaleiro da Lua eram quando Oscar Isaac podia atuar num drama psicológico, e Ms. Marvel brilhou mais nas cenas com Iman Vellani sendo apenas uma adolescente, Mulher-Hulk: Defensora de Heróis é um acerto enorme quando deixa a fantástica Tatiana Maslany incorporar os dilemas de uma mulher moderna dentro do ambiente de trabalho, na vida romântica e com sua família. Mesmo se estes problemas envolverem, você sabe, Hulks. E, dentro dos primeiros quatro episódios vistos pelo Chippu, esta não tenta ser uma "série de herói." Diferente das anteriores, ela se dedica ao que funciona.


Maslany vive a advogada Jennifer Walters. Depois de misturar seu sangue com o de seu primo Bruce Banner (Mark Ruffalo) num acidente de carro, ela ganha poderes semelhantes e se torna a Mulher-Hulk. Assim como ele, emoções fortes como raiva e medo podem significar o começo de desastres. Diferente de seu parente, porém, ela não tem muita dificuldade de controlar a transformação (e volta ao normal) ou manter a consciência quando está na sua forma esverdeada. A explicação para essa diferença é uma das grandes sacadas temáticas da showrunner Jessica Gao. Talvez surja uma razão científica depois (tomara que não), mas até o fim do quarto capítulo, Walters consegue fazer isso simplesmente por ser uma mulher.


Afinal de contas, mulheres, muitas vezes, são forçadas a passar a vida controlando suas emoções. Elas precisam conter a raiva quando são assediadas na rua, ou quando um colega de trabalho masculino tenta lhe explicar algo óbvio, ou quando são vistas apenas como “rostinho bonito.” Se elas explodirem, são taxadas de escandalosas. Homens podem nem sempre acertar. Elas nunca podem errar. Naturalmente, então, Walters consegue controlar seus poderes como Banner nunca pôde, e essa realização nos oferece a primeira interação hilária da série, já que o capítulo inicial consiste de um treinamento com os dois primos numa praia isolada no México, e muitas piadas com a suposta virgindade do Capitão América (fique para a cena dos créditos, não só deste episódio, mas de todos).

Mulher-Hulk é, sem sombra de dúvidas, uma sitcom. A série coloca sua protagonista em situações inusitadas e tira graça disso. Maslany brilha durante todo o processo, segurando nossa atenção sem aparente esforço, e crescendo ainda mais quando tem a chance de contracenar com outro ator com potencial cômico. Suas cenas com Ruffalo, com o Wong de Benedict Wong e outras figuras são divertidas e cativantes, particularmente pela capacidade da atriz principal de elevar o texto — algo nem sempre excelente mas constantemente competente — e abraçar a natureza ridícula desta história. Mulher-Hulk é mais engraçada quando usa bem seu elenco, criando interações dinâmicas entre figuras legais interpretadas por pessoas talentosas e carismáticas. Quando o humor tenta ser mais ousado, antecipando até críticas machistas à série, o resultado é menos eficaz. As piadas mais simples, originadas das conversas e encontros entre personagens, mesmo com resultados inconsistentes, funcionam melhor do que as tentativas de sacadas mais inteligentes. Essas acabam sendo óbvias demais para ser algo digno de destaque. O roteiro é bom e ideal para atores capazes de trazê-lo à vida, mas não o suficiente para andar com as próprias pernas.

Quando, entretanto, estamos com Jennifer em seus casos como advogada de pessoas com super poderes, ou em suas desventuras românticas, ou em reuniões familiares, a série funciona muito bem, crédito total do charme lúdico de Maslany. E, então, ela fica verde.



Precisamos falar sobre o elefante esverdeado na sala. Muito tem se debatido sobre os efeitos especiais em filmes e séries da Marvel, e não há para onde fugir com Mulher-Hulk. Sua versão transformada é uma distração enorme em algumas cenas, nos tirando totalmente do momento e escondendo a atuação de Maslany debaixo de uma pele verde artificial. Isso, sabemos, é fruto de péssimas condições de trabalho para os artistas responsáveis por tais efeitos, e eu não quero de forma alguma apontar para eles. É papel de Kevin Feige e do Marvel Studios encontrar uma solução para os efeitos especiais ruins sem cair no maltrato destes profissionais.

Em tela, não há como ignorar o problema. Quando a Mulher-Hulk está sozinha, ou ao lado de outras figuras como o Hulk, sua presença até (quase) consegue escapar, mas coloque-a junto de outros humanos e a ilusão se quebra. É fácil notar, por exemplo, como seu andar é artificial e como seu cabelo parece engessado quando ela ao lado de uma colega de tamanho e cor de pele natural. Maslany é boa o suficiente para ainda salvar algumas cenas, com ajuda de diálogos divertidos, mas você nunca deixará de notar como as expressões faciais se tornam menos convincentes quando ela estiver no modo Hulk.

Não se deixe enganar. Apesar disso, Mulher-Hulk é muito divertida. O elenco é ótimo, o texto funciona e a ideia de uma comédia judicial meio self-aware dentro do Universo Marvel é em grande parte um acerto, mesmo quando nossos olhos não deixam de estranhar a presença da versão alta, forte e verde de Jennifer Walters.

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