Você deveria assistir: Better Call Saul é tão boa quanto (ou até melhor que) Breaking Bad

Você deveria assistir: Better Call Saul é tão boa quanto (ou até melhor que) Breaking Bad

Série de Vince Gilligan e Peter Gould retornou para sua última temporada nesta terça-feira (19)

Guilherme Jacobs
19 de abril de 2022 - 7 min leitura
Notícias

Há alguns anos, a frase acima seria considerada um tremendo exagero da minha parte. Agora, quando muitos consideram Better Call Saul até superior a Breaking Bad, ela pode parecer mais como uma declaração do óbvio. Seja qual for sua preferência dentre essas duas, uma coisa está clara: pouquíssimas vezes um derivado ficou tão próximo do original, algo reforçado pela excelente estreia da sexta e última temporada da história de como Jimmy McGill (Bob Odenkirk) virou Saul Goodman.


No papel, a proposta de ver a origem de Saul Goodman não era exatamente o que fãs de Breaking Bad tinham em mente quando Walter White (Bryan Cranston) ficou no chão daquele laboratório e Jesse Pinkman (Aaron Paul) partiu de carro pela estrada (algo depois explorado no filme El Camino). Mesmo depois, quando ficou claro como a vida de Saul (ou Jimmy, melhor dizendo) iria cruzar o caminho de Mike (Jonathan Banks) e do temível Gus Fring (Giancarlo Esposito), o potencial completo desse spinoff não estava claro. Agora, com sua conclusão cada vez mais próxima, Better Call Saul não só fez jus à série de onde se originou, como também tem méritos próprios e narrativas brilhantes quase totalmente independentes.


Afinal de contas, nós sabemos o futuro de Jimmy, Mike, Gus e até da maior parte do clã Salamanca. Mas mais do que descobrir o futuro de Jimmy depois de Breaking Bad - sempre visto nas cenas preto-e-brancas de abertura das temporadas, quando ele se chama Gene e está escondido - o drama, em Better Call Saul, vem especialmente através de personagens inéditos, como Nacho Varga (Michael Mando) e, especialmente, a Kim Wexler da brilhante e sensacional Rhea Seehorn, cujo destino é a principal preocupação da audiência nesta conclusão.


As coisas dificilmente terminam bem para os habitantes da Albuquerque criada por Vince Gilligan e Peter Gould - entre tantos outros responsáveis - em Breaking Bad e Better Call Saul, e como Kim não aparece ou é mencionada na série original, ela se torna um quadro em branco. Não sabemos o que acontece com a amiga, parceira e par romântico de Jimmy. A preocupação só aumentou depois dos primeiros episódios da sexta temporada, lançados nesta terça-feira (19) na NEtflix.


Kim também uma excepcional advogada com um talento para golpes e esquemas tão grande quanto, ou até maior, o do futuro advogado de Walter White. O início da sexta temporada sugere que Kim, não Jimmy, é quem está mais interessada em passar a perna nos outros e flertar com o perigo. Antes, ela parecia a consciência de Jimmy e uma possível vítima das consequências de seus delitos, mas agora ela está na direção, acelerando a corrupção e brincando com fogo. Poucas vezes na vida, eu torci tanto para uma personagem ter um final feliz, ou pelo menos sem grandes tragédias, quanto ela. Quem sabe, porém, o que Gilligan e Gould pensaram?


Suspeito que nem os dois criadores sabiam o futuro da personagem quando começaram essa jornada. Mais que Breaking Bad, Saul partiu em direções inesperadas. Seu plano inicial tinha Chuck (Michael McKean), irmão de Jimmy, como seu grande aliado, Nacho como vilão maior e Jimmy completando sua transformação no personagem visto em Breaking Bad já no fim da primeira temporada. Nada disso aconteceu. Essas mudanças de curso, contudo, não prejudicaram a qualidade do produto final. Conhecidos por se forçarem em becos narrativos sem saída, os roteiristas da série constantemente acham saídas inteligentes e inesperadas para essas armadilhas intencionais.


Tais feitos acontecem no nível macro, como esses gigantescos arcos envolvendo Jimmy, Mike e Gus mostram, mas também nas cenas individuais, filmadas e dirigidas com o mesmo pedigree de Breaking Bad - câmeras posicionadas em locais e ângulos criativos, e um estilo de edição dinâmico e preciso, às vezes transformando as séries numa espécie de filme mudo, com músicas e efeitos sonoros colorindo os personagens enquanto eles constroem, desmontam, cozinham metanfetamina ou organizam documentos. Gilligan, Gould e companhia são fascinados pelo processo das coisas, e por mostrar esse passo-a-passo com a melhor fotografia possível, iluminando as cenas e enquadrando as tomadas como mais ninguém na TV é capaz, simultaneamente criando um espetáculo visual mas também informando os sentimentos, temas e conflitos dos personagens sem precisar de diálogos.


Não que o roteiro de Saul precisasse de empurrõezinhos. A natureza paciente, calculista e recompensadora de Breaking Bad está novamente presente aqui. Assim como a original, as primeiras temporadas de Saul são mais devagar, mas, de novo, o processo é a chave.


Ver as ações de Saul, de Kim, de Gus, Mike e Nacho, sentir a ameaça de Lalo Salamanca (Tony Dalton), teorizar o futuro de Howard (Patrick Fabian), antecipar as aparições de Walt e Jesse. Tudo isso é exaltado e intensificado pelo fato de termos visto tudo. Assim como a queda de Walter White precisava dos seus primeiros dias como professor de escola para impactar como fez, essas jornadas crescem pelo contraste. De pouquinho em pouquinho, Better Call Saul nos trouxe ao nosso destino. Cada parada foi fabulosa. Como será a chegada?


"Você deveria assistir" é a coluna do Chippu sobre séries disponíveis em serviços de streamings com o propósito de destacar produções, velhas e novas, dignas de sua atenção. Pérolas escondidas, dicas alternativas e sugestões que podem estar ofuscadas pelos títulos mais óbvios.

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