Entre as várias questões envolvendo a adaptação de The Last of Us para a televisão, estava uma característica intrínseca ao videogame: a necessidade de colocar o jogador para controlar Joel e Ellie em momentos críticos da narrativa, mesmo que quem estivesse com o controle na mão não concordasse com o que estaria prestes a acontecer, como no encontro de Joel com Bill ou no dramático final do game (sem spoilers aqui).

Como sabemos, essa é uma característica impossível de transpor para a tela, mas, para o co-criador da produção da HBO, Craig Mazin, despir The Last of Us da interatividade foi “liberador”.

“Os momentos que eu mais amei ao jogar o jogo, e Deus sabe o quanto eu joguei, foram os momentos em que eu não estava no controle”, afirmou Mazin em entrevista coletiva sobre a série realizada pela HBO no Brasil, a qual o Chippu esteve presente.

“Estes momentos eram tão bem executados que parecia quase como se uma série de TV estivesse tentando sair daquela estrutura, e de fato você precisava parar a ‘narrativa’ para pensar: ’como eu chego no segundo andar?’ ou, ‘como vou eliminar esses inimigos?’, destacou Mazin. “Os desenvolvedores fizeram um excelente trabalho de fazer você sentir que a história se desenrolava, dando Ellie e Joel momentos dentro desse conjunto, mas foi liberador para Neil e eu dizer que não precisávamos entregar essa experiência. Só precisamos que as pessoas sentem e assistam, da mesma forma que fazem quando chegam em uma cena de corte mais longa (no jogo).”

Também presente na conversa, Gabriel Luna, intérprete de Tommy na série, brincou com a diferença entre as experi~encias: “Se nós fizéssemos uma série da forma que eu jogo, teríamos que mostrar alguém andando por aí e vasculhando cada pedacinho da casa”.

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Então, como foi para Mazin e Druckmann conectar estes pontos em que, no jogo, as sequências eram interativas? Algumas respostas já foram entregues no segundo e no terceiro episódio da série, que fazem grandes mudanças em relação ao material original. Mas nem toda decisão foi fácil.

De certa forma, Mazin também afirmou que a experiência de assistir a uma série é interativa, como no jogo. “Mas a natureza da interação é sutil. Você não sabe o que está acontecendo e, até alguém de repente te falar, você se aproxima da tela. Esse foi nosso objetivo. Foi desafiador e exaustivo, mas incrivelmente graficamente de fazer, especialmente com alguém como Neil”, finalizou Mazin.

Lançado originalmente para PlayStation 3 em 2013, The Last of Us conta a história de Joel (Pedro Pascal), um contrabandista que recebe a missão de levar Ellie (Bella Ramsey) de uma costa dos EUA à outra em meio à Terra pós-apocalíptica devastada por um fungo, cheia de infectados semelhantes a zumbis e facções perigosas. No processo, os dois acabam desenvolvendo uma relação como de pai e filha. Ambos marcados por perdas e traumas, eles precisam aprender a confiar um no outro para sobreviver, e ao longo do caminho são forçados a tomar decisões duras e nem sempre morais para conseguir isso.

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Disponível também para PlayStation 4 e PlayStation 5, The Last of Us recebeu uma continuação em The Last of Us Parte II, lançada para PS4 em 2020 (e agora, também jogável no PS5). Ambos jogos foram celebrados como alguns dos melhores de sua geração.

A série da HBO conta com roteiro e direção de Craig Mazin (Chernobyl) e participação do diretor dos games da Naughty Dog, Neil Druckmann.

Também no elenco estão Gabriel Luna (Agents of SHIELD) como Tommy, irmão de Joel, Storm Reid (Euphoria) como Riley, Anna Torv (Mindhunter) como Tess, Murray Barlett (The White Lotus) como Frank, Nick Offerman (Devs) como Bill, Lamar Johnson e Keivonn Woodard como os irmãos Henry e Sam, e Graham Greene e Elaine Miles como Marlon e Florence, personagens que não estão nos jogos de The Last of Us e foram criados para a série.

A série de The Last of Us é exibida todo domingo à noite no HBO e HBO Max.