Star Wars: A Ameaça Fantasmas: 25 anos entre o amor e o ódio

Star Wars: A Ameaça Fantasmas: 25 anos entre o amor e o ódio

Filme volta aos cinemas neste 4 de maio e abre espaço para refletirmos sobre Star Wars e o próprio Episódio 1

Alexandre Almeida
4 de maio de 2024 - 9 min leitura
Notícias

Parafraseando Elrond, em A Sociedade do Anel: Eu estava lá, Gandalf. E no meu caso, eu estava lá... há 25 anos!

O ano era 1999. E ele foi incrível para o cinema. Matrix, Clube da Luta, Beleza Americana, O Informante, O Sexto Sentido… mas nada era mais importante do que ele, o primeiro filme de Star Wars desde O Retorno de Jedi. E mais além, o primeiro filme de Star Wars desde que não havia mais perspectiva de que a saga voltaria para os cinemas.

O desejo de George Lucas em contar a história de Anakin já era antigo, mas o cineasta teve que esperar o momento certo e a tecnologia evoluir para poder mostrar como Darth Vader foi de um menino escravo para braço direito e aprendiz do Imperador Palpatine.

Era uma loucura. Filas e filas nos cinemas. Cosplays em qualquer shopping que você fosse. Do mais popular ao mais elitizado. Revistas enchiam as bancas de jornal com fotos de todos os personagens. Quem era Qui-Gon Jinn? Darth Maul? Amidala? As revistas eram as fontes de informação. Os nossos resumos e explicados da época. Centenas de tipos de brinquedos lotavam as prateleiras. Das naves aos action figures. Dos sets de lego aos sabres de luz de plástico.

A febre Episódio 1 foi um marco na cultura pop e atingiu até aqueles que menos se importavam. Mas aí o filme estreou…

Naquela época, o Rotten Tomatoes era (no Rio de Janeiro) o “Bonequinho Viu”, do jornal O Globo. E saiu lá: para A Ameaça Fantasma, um bonequinho olhando para a tela entediado. Críticas, vejam vocês, iguais as de O Despertar da Força: histórias e situações repetidas. Outras diziam que o filme tinha personagens demais em histórias pouco interessantes. A má fama de A Ameaça Fantasma começou a crescer. Jar Jar Binks e Jake Lloyd foram os mais massacrados.

O Episódio 1 puxou a fila da Trilogia Prequel e do ódio aos novos filmes de Star Wars. Na época, o menos afetado foi A Vingança dos Sith. E a explicação é fácil: o surgimento de Darth Vader e a aproximação com os clássicos. Mas a verdade é que naquela época, os fãs também negavam o valor desses novos filmes. Da mesma forma que agora, acrescentam esse valor antes esquecidos para os Episódios 1, 2 e 3, para arranjar deméritos nos novos materiais de Star Wars.

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A Ameaça Fantasma não é um filme perfeito e está longe de ser. Mas isso não tira o mérito do que ele começa a plantar ali. George Lucas é muito esperto em montar a espinha dorsal da história a partir da política. É um reflexo do mundo que vivíamos naquela época: impeachment do presidente americano, guerra no Kosovo, estudos evoluídos da genética e, claro, o medo do novo, dos anos 2000, do Bug do Milênio… Toda essa atmosfera se reflete na obra de Lucas: dos tratados comerciais e a invasão do planeta Naboo até a conspiração no Senado. Ancorar essa tensão na figura já conhecida de Palpatine e sua articulação para, nos filmes seguintes, criar o Império é, revendo agora, a melhor escolha do filme.

Digo rever, porque o Episódio 1 voltou aos cinemas na comemoração dos seus 25 anos e tive a oportunidade de assistir ao filme na telona de novo. E a experiência não foi das melhores para a minha memória com o filme. Muita das coisas que considerava legais e até virava o rosto para não criticar, pesaram agora. Dizer que Star Wars é infantil hoje, parece até piada quando você olha para a dinâmica entre Padmé, Anakin e Jar Jar. Mesmo a grande luta do final, entre Obi-Wan, Qui-Gon e Darth Maul, perdeu a magia que ela sempre teve. É engraçado como ela se assemelha, com um pouco mais de piruetas, com as lutas clássicas de O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. Vendo hoje, ela parece muito mais distante do que foi feito em A Vingança dos Sith e muitos anos-luz de novas obras como Ahsoka e da futura The Acolyte.

Ainda é empolgante ver Ewan McGregor como Obi-Wan. Na verdade, é fascinante ver a semelhança dele com Alec Guinness. É triste também pensar que não pudemos ter mais Liam Neeson nos filmes e acabamos renegados ao fan service mequetrefe da série de Kenobi. A corrida de Pods até hoje, mesmo depois de assistir pela enésima vez, ainda empolga.

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Mas o filme acaba dando de cara com a vontade de George Lucas em falar sério. E se ele acerta muito com Palpatine, o drama de Amidala e da Federação de Comércio é uma chatice sem fim.

E então caímos no maior pecado de todos: os Midchlorians. Saindo da sessão e voltando para casa, fiquei pensando como “midchlorians” é um conceito muito mais acolhido no contexto do cinema real-explicativo-pé no chão de hoje do que era na época. Colocar um rótulo e uma bula no que é a Força, acaba sendo muito mais aceito por quem consome os heróis “reais” da Marvel, ou os filmes de ação-suspense com capa e máscara de Nolan, do que quem sempre viu Star Wars como algo mágico. Colocar uma explicação em algo que sempre foi sobre fé, sobre acreditar e sobre concentração, tira toda a magia do oculto.

Quando Shmi diz para Qui-Gon Jinn que Anakin nunca foi gerado com um pai, aquilo é o coração de Star Wars. É sobre ser o escolhido. Sobre ser um qualquer, porém predestinado. É sobre ser o menino da vassoura como mostrou Rian Johnson. É sobre a Rey ser uma ninguém e dar um couro no Sith mimado e treinado. Neo, Luke, Jesus, Frodo, Harry Potter, Willow… os exemplos dos “escolhidos” formam uma fila imensa. E se Star Wars é tão baseado nisso, por que explicar?

Porque a obra sempre reflete seu momento. E o momento de A Ameaça Fantasma era o dos avanços tecnológicos da época. Estávamos olhando para computadores e com medo deles pararem o mundo todo. Como acreditar em magia ou em sobrenatural com algo assim batendo na sua porta?

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Daí, podemos olhar para obras novas como Ahsoka, Mandalorian ou mesmo Os Últimos Jedi, onde a magia e a fantasia se colocam de volta à frente desse capa-e-espada fincado na realidade e entendemos como toda uma geração, que passou 20 anos consumindo Midchlorians, mesmo dizendo não gostar deles, foi moldada para comprar essa ideia.

É uma relação de amor e ódio. Desde A Ameaça Fantasma, o fã ama odiar Star Wars. Discussões acaloradas acontecem para todos os episódios lançados desde o filme de 1999. Uma relação simbiótica. Um vivendo de tirar vantagem do outro, da mesma forma como Qui-Gon Jinn explica para Anakin Skywalker sobre o funcionamento dos midchlorians.

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