
Silvio Santos: O homem mais famoso do Brasil
Apresentador faleceu neste sábado, 17, aos 93 anos

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“Agora é hora de alegria, vamos sorrir e cantar…”
Era com essa música que todo final de domingo, o homem do baú, Silvio Santos, começava seu programa no SBT, ou como alguns chamavam, “o canal onze”. Não era a primeira vez que ele aparecia na TV durante o dia. Mais cedo, já havia distribuído prêmios, casa e carro com o Baú da Felicidade e o Peão da Casa Própria. Os participantes? Aqueles que pagavam o carnê do Baú.
No Programa Silvio Santos, Senor Abravanel - como foi chamado em seu nascimento - comandava caravanas vindas de diversos locais do país, para formar o seu famoso auditório. Era lá que Silvio fazia seu melhor: a interação com o popular.
Dono da emissora onde o show era exibido no “prime time” de domingo, Silvio fazia o que queria por ali. Das piadas ruins até momentos de mais emoção (dos participantes), aos comentários muitas vezes sem noção, seguidos por sua risada marcante e, talvez, a mais imitada no país. Se existem tantos programas de auditório na TV aberta brasileira, isso acontece pela popularização do formato feito por Chacrinha e, claro, Silvio Santos.
Ao contrário do que muitos acham, Silvio Santos não é paulista. Como dizia o samba da Tradição - escola de Samba do Rio de Janeiro -, em seu enredo de 2001: “Nasceu na Lapa, no Rio de Janeiro…”. E foi de lá que o filho de imigrantes de uma família judia partiu para estudar contabilidade e se tornar camelô, começando seu contato com o público vendendo canetas e capinhas de título de eleitor. Silvio trabalhou nas barcas que ligam o Rio e Niterói, e volta e meia você ainda encontra alguém de mais idade no Rio que vai te dizer: “eu conheci ele nas barcas” ou “conheço alguém que lembra dele nas barcas”.
De lá, Silvio Santos começou a fazer serviços de locução na rádio, até que, na década de 1950, conheceu e foi trabalhar com Manuel de Nóbrega, um dos maiores nomes da comunicação nacional e pai de Carlos Alberto de Nóbrega, o Carlos Alberto, da Praça é Nossa. O humorístico, aliás, foi criado e comandado pelo pai de “Cazalbé”, antes dele.
Uma das maiores revelações que já tive - em 2001, também com o desfile da Tradição - foi saber que Silvio Santos já havia trabalhado na sua maior concorrente: a TV Globo. Depois de passar pela TV Paulista e TV Tupi, ele foi trabalhar na empresa de Roberto Marinho, e levou seu projeto, o Programa Silvio Santos, para lá. Décadas depois, já com seu SBT, fundado em 1981, o apresentador travava batalhas de audiência nas noites de domingo com o Fantástico e, por muitas vezes, ganhava da gigantesca concorrente.
Se hoje, qualquer um faz pegadinhas e piadas na internet com transeuntes, há algumas décadas, isso era dominado por Silvio Santos e o clássico Ivo Holanda. Nem sempre o SBT ficava em primeiro lugar no domingo à noite, mas era certo que o papo na segunda-feira seria sobre alguma das bobeiras que Holanda produziu na rua e quase apanhou. Ou não, já que uma das grandes diversões, era discutir e analisar para saber se tudo aquilo era armado ou não. Fórmulas como a mulher bonita pedindo ajuda para um desconhecido, até que o marido fortão aparece para tirar satisfação, ficaram batidas, mas mesmo assim, ainda faziam o povo rir.
E foi nesse ritmo que Silvio Santos continuou seu trabalho no SBT por mais de 40 anos. Jogando seus aviõezinhos de dinheiro, comandando gincanas de palco, entrevistando as meninas que formavam seu auditório, apresentando novos personagens para a TV e dando espaço para outros que, fora do canal 11, mal tinham oportunidades. Claro, nem sempre tudo funcionava e muitas vezes seu jeito “sem papas na língua” rendia gafes, comentários preconceituosos e machistas.
Mas Silvio Santos era tipo o tiozão da galera. Aquele tio rico, que agrada todo mundo, que dá presentes caros e que chama atenção na hora do jantar para contar uma piada que nem todo mundo acha engraçada. Mas todos dão atenção.
Em 2001, quando Silvio e sua filha Patrícia foram sequestrados dentro da própria mansão do apresentador, o Brasil inteiro - inclusive a concorrência, onde até pouco anos, parecia ser proibido citar o nome dele - parou para acompanhar os desdobramentos do caso. Agora, o sequestro vai virar um filme, estrelado por Rodrigo Faro, um ex-ator, que nunca negou a influência de Silvio Santos em seu trabalho atual, o de apresentador.
Silvio Santos deve ser a pessoa mais famosa do Brasil e acho que nem para Roberto Carlos ou Pelé ele perderia esse lugar. Ninguém é mais imitado por humoristas. Ninguém é mais copiado pelas novas gerações de apresentadores de TV. E talvez ninguém terá o carisma e a destreza de comandar um domingo como Silvio Santos. Goste dele ou não, isso, ninguém pode negar.
Para onde quer que ele vá agora, depois de sua morte aos 93 anos, já fiquem avisados: Silvio Santos vem aí… laiá laiá laiá.
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