Você deveria assistir: Sequestro no Ar é a série perfeita pra desligar a cabeça e se divertir

Você deveria assistir: Sequestro no Ar é a série perfeita pra desligar a cabeça e se divertir

Idris Elba vive um negociador profissional que decide ajudar os sequestradores de seu voo para tentar sobreviver

Guilherme Jacobs
2 de agosto de 2023 - 7 min leitura
Notícias

Às vezes, você sabe que algo vai ser bom só pelo título. O título original de Sequestro no Ar, a minissérie de suspense da Apple TV+  com Idris Elba, é Hijack, o termo em inglês para o sequestro de aviões. Mas ele é estilizado assim: HIJACK. Esse pequeno tempero diz tudo, mas se por alguma razão eu não ainda não te convenci a assistir a essa divertida, empolgante e viciante produção com apenas sete episódios, cada um representando uma hora de voo, então basta ler a sinopse.

Sam Nelson (Elba), que aliás é um fantástico nome de protagonista, começa Sequestro no Ar embarcando na primeira classe de um luxuoso avião da Kingdom Airlines em Dubai. Ele não tem nenhuma bagagem de mão, e carrega apenas um pacote comprado na Duty Free com uma joia caríssima que ele pretende levar para sua esposa. Este, meu caro leitor, é meu novo objetivo de vida. Não precisar levar mala, e me sentar na primeira classe só com um presente chique para a amada.

Com aproximadamente meia hora depois de deixar Dubai para trás, Sam percebe uma agitação e rapidamente um sequestro se inicia. Alguns passageiros, liderados pelo furioso Stuart (Neil Maskell), sacam armas e transformam o resto de voo em seus reféns. Sam se levanta e vai até o líder com uma proposta: Ele quer ajudá-los, assim aumentando suas chances de pousar, vivo, em Londres. Sam, descobrimos, é um negociador profissional.

Eu sinceramente acho que não preciso dizer mais nada para explicar por que você deveria assistir a Sequestro no Ar, mas como este é meu trabalho, e como alguém pode ainda não estar convencido a conferir essa montanha russa aérea de suspense e entretenimento, vamos falar mais sobre o que torna HIJACK a série perfeita para quem quer desligar a cabeça quando chega em casa à noite ou durante um fim de semana e só curtir uma história cativante.

O último episódio de Sequestro no Ar foi lançado nesta quarta-feira (2) no Apple TV+, o que significa que essa é a hora perfeita para começar a série. Como tenho acesso ao site de imprensa do streaming, pude ver todos os episódios antes de seus lançamentos, e ainda bem. Quando conferi os três primeiros, lançados simultaneamente, e percebi que precisaria esperar mais uma semana para o quarto, quase entrei em desespero. Essa minissérie é feita para nos agarrar desde seu primeiro minuto, imediatamente apresentando mistérios intrigantes sobre seu protagonista, seus vilões e alguns coadjuvantes, e encontrando as formas mais criativas de desdobrar essa situação intensa.

Sequestro no Ar está longe de ser uma produção com cheiro de Prestige Television. Isso não é HBO. É televisão. A comparação imediata é com 24 Horas, onde capítulo equivalia a 60 minutos do dia de Jack Bauer e o objetivo maior não era abordar grandes temas, e sim empolgar. Contudo, o clima criado pela dupla de showrunners Jim Field Smith e George Kay é menos "policial vs. terrorista" e mais claustrofóbico, intenso e arriscado. Sam Nelson não tem uma arma, nem treinamento militar. Ele nem é negociador de sequestros. Seu trabalho é ajudar grandes empresas a fechar aquisições e contratos bilionários, encontrando formas de manipular ambos lados a fazerem o que ele quer para que seus clientes fiquem satisfeitos. O poder de Sam Nelson está nas palavras e no olhar. Ele é o grande manipulador.

Isso força o roteiro de Smith e Kay a fugir do óbvio. No geral, a dupla encontra pequenos conflitos fascinantes que vão desde o cockpit até a última fileira da econômica. Como 24 horas, algumas tramas secundárias — particularmente fora do aeronave e das torres de controle — são cansativas ou sem propósito, e o corte para algum personagem no chão quase instantaneamente gera em nós a vontade de retornar aos céus. Lá, os roteiristas identificam formas interessantes de aumentar os riscos. Sequestro no Ar não pode depender de um tiroteio ou troca de socos. É um mérito enorme do texto e da direção (Smith e Mo Ali comandaram as câmeras) ver como uma simples troca de assento pode nos deixar de olhos arregalados. Aos poucos, novos obstáculos e reviravoltas deixam a situação mais complicada, e essa escalada eventualmente leva a uma conclusão eletrizante.

Infelizmente, essa precisão não se estende ao desenvolvimento de praticamente nenhum personagem. Sam Nelson é um imã muito mais pelo carisma e charme naturais de Idris Elba, que aqui está atuando como uma verdadeira estrela capaz de dominar a tela por horas e horas, do que pelos seus dilemas pessoais interessantes. O texto oferece diálogos interessantes, mas o desenrolar da trama em muito supera o do protagonista, que dirá dos coadjuvantes.

É um problema, mas ninguém vai deixar de curtir Sequestro no Ar por isso. Elba sempre foi excelente por conseguir combinar tanto a banalidade de um homem comum, alguém que poderia ser seu amigo, com uma ponta sombria e afiada de humor e mistério. Coloque-o no meio de uma trama boa o suficiente para carregar sete horas de televisão, sequências de suspense bem encenadas, e bingo. Você decola.

"Você deveria assistir" é a coluna do Chippu sobre séries disponíveis em serviços de streamings com o propósito de destacar produções, velhas e novas, dignas de sua atenção. Pérolas escondidas, dicas alternativas e sugestões que podem estar ofuscadas pelos títulos mais óbvios.

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