Planeta dos Macacos: Conheça a história e o trabalho do brasileiro que participou dos efeitos do filme

Planeta dos Macacos: Conheça a história e o trabalho do brasileiro que participou dos efeitos do filme

André Castelão é Motion Editor da Weta e foi um dos responsáveis por parte do processo de captura de movimentos

Alexandre Almeida e Guilherme Jacobs
17 de maio de 2024 - 9 min leitura
Notícias

Planeta dos Macacos: O Reinado está fazendo um grande sucesso, marcando a maior bilheteria de estreia no Brasil em 2024 até o momento e alcançando os ótimos números da Trilogia César internacionalmente. Mas uma coisa que pouca gente sabe é que tem Brasil no meio dessa produção. André Castelão é Motion Designer da Weta, a empresa que fez os efeitos especiais de O Senhor dos Anéis, Avatar, Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato e tantos outros.

O caminho até os grandes filmes de Hollywood demandou especialização dele e André teve que sair do país para isso. “Trabalhei na TV Globo muito anos, focava um pouco na parte de animação, e também na parte de simulação digital para multidão. Era mais generalista. Mas quando você vem trabalhar numa empresa grande pra filme, você precisa ser especializado. Fui pra Londres e trabalhei em dois filmes como Crowd Technical Director, que é também a simulação digital, mas ao mesmo tempo eu tava me especializando na parte de personagens digitais com captura de movimento”, contou.

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Planeta dos Macacos: O Reinado: Final explicado e cena pós-créditos

Desde que explodiu para o mundo em O Senhor dos Anéis, a Weta cresceu e se tornou uma das mais importantes empresas de VFX do mundo. Hoje, é uma companhia com mais de 1.500 profissionais, entre designers, artistas, engenheiros e executivos. “O meu departamento é de edição de movimento. Que basicamente seria o quê, a gente trabalha com os dados que vem da captura. Por exemplo, você tem um ator que pode estar dentro do estúdio ou no set, tipo na floresta. Então você precisa montar esse sistema de captura, dentro desse cenário real e transferir todos esses dados pro personagem digital”, disse o designer. “Aí vem a maior complexidade, porque, quando você transfere de um ator que tem proporções humanas, pra alguma criatura, as proporções são totalmente diferentes de uma proporção de homem, então você começa a ter várias complicações.”

O que pode parecer estritamente técnico, também envolve trabalhar com a visão do diretor na montagem das cenas a partir de storyboards animados. “Existem animatics, storyboards animados da cena, que a gente precisa usar como base pra criar e pra colocar nos nossos personagens digitais posicionados. Então, tem cenas que não tem muito, vamos dizer, muito de criatividade pra ser adicionada. Você precisa transferir esses dados que foram capturados, colocar na cena e montar esse contexto da dentro da visão do diretor”, explica André. “Vamos dizer que tenhamos três personagens, que são os principais que estão atuando ali em primeiro plano. Você traz esses dados e monta ali em primeiro plano. Com a câmera digital, você traz o seu cenário digital e precisa construir esse início da cena. É difícil dizer: ´Ah, é 100% super criativo.’ Tem coisas que são bem criativas e outras muito mais técnicas, que são só tipo, você receber um movimento e precisar limpar os ruídos dele.”

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Planeta dos Macacos: Resumo da trilogia César

Engana-se quem acha que o processo para criar um César (Andy Serkis) ou Noa (Owen Teague) é simplesmente capturar o ator atuando e colocar a “maquiagem digital por cima”. A quantidade de processos que envolve uma produção cheia de efeitos especiais, como Planeta dos Macacos: O Reinado, é quase desconhecida do público em geral e juntam diversos departamentos diferentes dentro da mesma empresa de VFX. Além disso, todo o trabalho tem que ser submetido para o diretor e supervisores para aprovação. “Só depois encaminhamos pros outros departamentos, pra fazer a parte de simulação de músculo e aí entra a parte facial, entra a parte de simulação de roupa, de cabelo...”, conta André. “Aí, você tem o mundo, você tem toda essa referência, e essa biblioteca de movimentos que já foram criados anteriormente. Então você tem a liberdade de talvez usar a melhor forma de batalha, e fazer aquela composição de acordo com a cena. Tudo tem um contexto que precisa ser seguido, mas, ainda assim temos um pouco da liberdade.”

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Planeta dos Macacos, assim como Avatar e o Gollum, de O Senhor dos Anéis, mesmo utilizando o digital a todo tempo para criar seus personagens, ainda dependem muito do trabalho dos atores. É no detalhe da emoção que acreditamos no drama de César ou na raiva de Smeagol. “Você também precisa preservar toda a captura do personagem. Se você tem uma cena de close-up, ele está muito próximo da câmera. Na hora que você captura, tem muitas nuances que você precisa manter ou adicionar. Se o personagem tem o movimento de olho que é muito sutil, o movimento de mão que é muito sutil, a gente precisa tentar transferir o máximo possível”, diz o designer. “Tem muita coisa que não consegue ser capturada e vai sendo adicionado depois

Planeta dos Macacos: O Reinado: Freya Allan conta como foi criar humana em um mundo de símios (EXCLUSIVO)

A evolução da tecnologia vem facilitando e melhorando ainda mais trabalhos de captura de movimento. Se pensarmos que há 25 anos, George Lucas estava experimentando isso com o Jar Jar Binks, em A Ameaça Fantasma, hoje os filmes da Weta criam praticamente tudo do zero. Mesclar o digital com o real causa menos estranheza, como podemos ver em várias cenas de Planeta dos Macacos: O Reinado. “O Avatar 2, por exemplo, capturaram debaixo d'água, que eram coisas que nunca tinham sido feitas antes. Comparado com 10 anos atrás, as etapas ainda são muito parecidas, o que difere é, o grau de realismo, que é muito maior hoje em dia”, conta.

Acostumados com blockbusters cada vez maiores e com mais efeitos especiais, o público também passou a exigir mais do trabalho de profissionais como André. “A exigência é muito maior. E a qualidade do material que a gente trabalha está muito melhor. Mas assim, por mais que esses dados venham pra gente com uma qualidade muito boa e você tenha todas as tecnologias hoje em dia para dar o suporte pro artista, o trabalho ainda é manual e o trabalho artístico ainda é muito grande. Não é um trabalho assim: "Ah, vamos trabalhar aqui em alguns minutos e tá resolvido”, diz o designer. “As vezes leva dias, analisando, quadro a quadro, pra capturar, toda a essência do teu personagem. Você pode ter a maior tecnologia do mundo, que ainda não transfere tudo que a gente ainda precisa.”


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