
Lily Gladstone não venceu o Oscar, mas ainda assim fez história
A estrela levou a estatueta de Melhor Atriz na maior premiação do cinema

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Mesmo sem ter vencido o Oscar neste domingo, Lily Gladstone ainda assim fez história e teve uma trajetória importantíssima nessa temporada de premiações. A estrela de Assassinos da Lua das Flores foi a primeira mulher nativa americana a ser indicada na maior premiação do cinema e por um papel extremamente significativo.
Ela estava concorrendo como Melhor Atriz, prêmio que acabou indo para Emma Stone, por Pobres Criaturas. Ainda assim, Lily Gladstone pode ser a responsável por abrir uma representatividade cada vez maior para indígenas no cinema no futuro.
Oscar 2024: Confira a lista completa de vencedores
A história indígena e nativa americana no Oscar
Antes dela, Yalitza Aparicio, que é filha de descendentes indígenas de Tlaxiaco, no México, já havia sido indicada à categoria de Melhor Atriz por Roma, em 2019, mas não venceu.
Cimarron, uma história sobre a colonização das terras Cherokee, foi o primeiro filme sobre Nativos Americanos a vencer Melhor Filme em 1931. Assim como Assassinos da Lua das Flores, ele se passa em Osage, Oklahoma e acompanha a história de um jornalista que perde a chance de ser governador porque não se alia a políticos que estão enganando indígenas em relação aos seus lucros com o petróleo.
Três anos depois, o Oscar foi apresentado por Will Rogers, um nativo americano de Oklahoma, que tinha descendência Cherokee.
Décadas mais tarde, Dan George foi indicado a Melhor Ator Coadjuvante por Pequeno Grande Homem (1970), em que ele interpretava um líder tribal Cheyenne que servia como mentor para o protagonista branco. Antes de ir para a atuação, George também era o líder da tribo Tse-lal-watt, de British Columbia.
Exatamente 20 anos depois, Oneida Indian Graham Greene foi indicado a Melhor Ator Coadjuvante por Dança com Lobos. Este foi o segundo longa sobre nativos americanos a vencer Melhor Filme.
A carreira de Lily Gladstone
Lily Gladstone tem herança Blackfeet e Nez Perce através de seu pai e foi criada em uma reserva Blackfeet em Montana, nos Estados Unidos. Ela sempre foi interessada em teatro e atuação, inspirada por Star Wars e a força dos Ewoks.
Depois de estudar atuação e direção na faculdade, ela entrou em um grupo de teatro e conseguiu alguns papéis em filmes indie aclamados como Certas Mulheres e First Cow - A Primeira Vaca da América.
No entanto, Gladstone estava prestes a abandonar de vez a atuação quando recebeu um convite para participar de uma audição pelo Zoom com Martin Scorsese para seu próximo filme, Assassinos da Lua das Flores.
Foi aí que ela conseguiu o papel de Mollie Burkart, uma mulher Osage rica por conta do petróleo, que se casa com um homem branco (Leonardo DiCaprio) que, para tentar roubar o dinheiro dela, começa a matar sua família.
Por que a indicação de Lily Gladstone no Oscar é tão significativa?
A representação indígena em filmes e séries tem uma história longa e difícil. Mesmo que Cimarron tenha vencido Melhor Filme há quase 100 anos, a maior parte dos personagens nativos americanos nos cinemas são estereotipados, descaracterizados ou, até, interpretados por atores brancos.
Em Assassinos da Lua das Flores, Lily Gladstone representa um exemplo raro de uma mulher nativa americana que interpreta uma personagem nativa americana. Mais do que isso, ela é um exemplo mais raro ainda de uma mulher que interpreta uma personagem nativa americana forte e importante para a história.
Já tiveram exemplos de homens nativos americanos nas telas que tinham a função de serem guias ou mentores com muita sabedoria, mas, especialmente para mulheres, nas poucas vezes em que elas apareciam, normalmente ainda interpretavam personagens com poucas, ou nenhuma, fala.
Com Mollie Burkart, Lily Gladstone se impõe e, até nas cenas em que está doente ou debilitada, tem uma força inegável em tela.
Quando venceu o Globo de Ouro, em janeiro, a atriz deixou claro que sabia dessa importância e que dividia o prêmio com todas que não tiveram o mesmo reconhecimento. "Esta é uma vitória histórica. Ela não pertence apenas a mim. Eu estou segurando o prêmio agora. Por todas as minhas lindas irmãs no cinema, pela minha mãe. Esta é para toda criança rez, toda criança nativa que está aí e que tem um sonho e que agora consegue se ver representada em nossas histórias, contadas por nós, em nossas palavras, com ótimos aliados e muita confiança entre nós", declarou a estrela.
Para o The New Yorker, ela ainda declarou: "É circunstancial que eu seja a primeira, mas certamente não serei a última. Se eu chutei a porta, eu vou apenas tentar continuar aqui e deixá-la aberta para todos os outros".
Mesmo sem ter vencido, a atriz com certeza vai abrir muitas portas no futuro.
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