O Poderoso Chefão - Desfecho: A Morte de Michael Corleone - Crítica do Chippu

O Poderoso Chefão - Desfecho: A Morte de Michael Corleone - Crítica do Chippu

A nova versão do clássico de Francis Ford Coppola melhora, mas não salva, o filme

Guilherme Jacobs
19 de dezembro de 2020 - 5 min leitura
Notícias

Francis Ford Coppola está sempre retornando aos seus projetos, mesmo aqueles que ele não queria fazer. O lendário diretor fez O Poderoso Chefão Parte III porque precisava do dinheiro e acabou trazendo uma conclusão insatisfatória para a franquia com a qual ele se tornou um dos maiores nomes da história do cinema. Mas, atraído pela experimentação novamente, Coppola - que reeditou as duas primeiras partes da saga como uma série e já fez dois cortes novos de Apocaypse Now - lançou O Poderoso Chefão - Desfecho: A Morte de Michael Corleone.


O título representa a vontade original do diretor e do autor dos livros, Mario Puzo, de que o terceiro filme seja visto não como a conclusão de uma trilogia mas sim como uma espécie de epílogo. A versão original foi duramente criticada por conta dos seus problemas de ritmo, narrativas que nunca convenciam, duração e em especial pela terrível atuação de Sofia Coppola, a quem foi dado um dos papéis mais importantes da história, Mary, filha de Michael Corleone (Al Pacino). Com Desfecho vem um novo começo, um novo final, cenas reordenadas e 20 minutos a menos. Não é suficiente para salvar O Poderoso Chefão 3, mas é a melhor versão.


Alguns problemas permanecem e não há o que fazer. A história envolve menos personagens interessantes em comparação com os outros dois, nenhum dos três antagonistas que cruzam o caminho de Michael é muito bem desenvolvido ou passa a sensação de ser um verdadeiro nêmeses e, acima de tudo, a atuação de Sofia Coppola continua um desastre, o que compromete uma das principais linhas narrativas do longa - seu romance com o primo, Vincent (Andy Garcia). Não há química entre os dois, eles não estão nem no mesmo andar de capacidade de atuação. É ver um profissional tentando contracenar com uma amadora. Sofia é uma excelente diretora e roteirista, mas nada é capaz de salvar seu trabalho neste filme. Com isso, toda a luta interior de Vincent entre assumir o incesto com a prima, uma ideia difícil de engolir desde o momento em que você escuta a premissa, nunca convence.


Mas há melhorias louváveis. O começo do filme é bem mais direto ao ponto e dinâmico do que o original. A cerimônia de homenagem a Michael sumiu, o enredo da igreja corrupta é apresentado logo de cara e Vincent, um ótimo personagem com uma ótima atuação de Garcia, é apresentado muito antes. Ao iniciar O Poderoso Chefão - Desfecho, você vai sentir muita confiança no que virá depois.


Entretanto, após os primeiros 30 minutos, estamos de volta ao original. Sim, cenas foram reduzidas ou reorganizadas, mas esse ainda é o mesmo filme. Se você gosta do que saiu em 1990, vai gostar de Desfecho, e vice-versa. Ainda que o tempo reduzido de 2h50 para 2h30 seja uma algo positivo, a experiência é, no geral, a mesma. As frustrações são as mesmas - faltam figuras carismáticas como Tom Hayden ou Fredo - e as qualidades - Pacino, apesar de uns exageros, ainda é uma força da natureza - também.


O que melhora com certeza é o visual do longa, agora remasterizado em 4K e com menos amarelado nas imagens. O filme não tem o mesmo sentimento já ter sido lançado com um aspecto envelhecido. Mas falando de envelhecimento...


A conclusão do filme segue basicamente igual, apenas removendo o trágico ataque cardíaco que mata Michael em sua velhice no último momento de O Poderoso Chefão 3. Ainda vemos Pacino usando a maquiagem de idoso mas o Coppola encerra antes de mostrar o personagem falecendo. Esse final representa Desfecho como um todo - é diferente do original mas não o suficiente para realmente melhorar de maneira significativa o pacote completo.


Nota: 2.5/5

guilherme-jacobs
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crítica

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