
O Exorcista: O Devoto esquece o clássico em favor de virar uma franquia sem coração
Novo filme de David Gordon Green é uma sequência direta do original, mas não se parece em nada com ele

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Prestes a iniciar o clímax, O Exorcista: O Devoto, novo filme da franquia clássica de terror, coloca dois personagens para recitar todos os significados do roteiro e preparar o público para o exorcismo que vai acontecer. Não fosse o bastante, na última cena, o procedimento é repetido com outro personagem, que agora explica o que é o mal, o que é fé e, no fim, o que o filme quis dizer.
Independente se é um filme com a maior marca de terror da história do cinema, tais feitos já seriam questionáveis, mas a partir do momento que ele carrega esse nome tudo se torna pior.
Dirigido por David Gordon Green, autor dos últimos três Halloween, O Devoto é uma sequência direta do longa original de William Friedkin produzida pela Blumhouse. O legado, porém, está só no nome e na participação especial de Ellen Burstyn como Chris MacNeil, a mãe da menina Regan.
A história, que mostra duas crianças possuídas e suas famílias em uma batalha de crença e princípios, espalha questões tradicionais do gênero como fé, inocência e culpa, mas tenta abordar também noções de comunidade e pluralidade de religiões — e enquanto as apresenta bem, não desenvolve nenhuma delas de forma eficiente.
Nessa mistura de referências, o roteiro de Green e Peter Sattler adiciona Burstyn de uma forma tão gratuita que se a personagem fosse retirada do filme nada mudaria. No fundo, se O Devoto não tivesse O Exorcista no título, talvez o resultado fosse perdoável.
Isso porque visualmente Green mostra o bom controle de narrativa visto em Halloween. A cena do hospital com as duas crianças, os primeiros sinais de possessão e todos os momentos doo primeiro ato, onde ele constrói bem a tensão e diferenças entre as famílias, lembra os melhores momentos do diretor na franquia de Michael Myers. Por outro lado, quando se presta a desenvolver relações e temas, quase nada funciona.
Em termos visuais, a maquiagem das garotas é o grande trunfo, mas mesmo esta perde força quando Green decide usar CGI e força uma suspensão de crença que tira o espectador daquela realidade. Michael Simmonds repete a parceria na direção de fotografia de Halloween, com excelente noção de espaço para a casa dos protagonistas e suaves toques de alusão ao clássico, como sombras e luzes para a silhueta dos personagens.
Por outro lado, assim como o próprio filme, cai na vala da comoditização quando o clímax chega e replica trejeitos visuais e sonoros de longas como A Freira e Annabelle, que têm seus méritos, mas nada combinam com a franquia ou mesmo a história construída até ali.
O Exorcista: O Devoto não chega a ser um desastre como filme, mas é uma decepção como parte de um legado. David Gordon Green ousou o suficiente em Halloween para usar os ícones visuais da série como motor de um discurso sobre violência e cultura, mas aqui não consegue sair das armadilhas da máquina de Hollywood em transformar clássicos em franquias sem coração.
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