Ms. Marvel: Episódio 6 - Crítica com Spoilers

Ms. Marvel: Episódio 6 - Crítica com Spoilers

Série termina em alta com ótimo finale

Guilherme Jacobs
13 de julho de 2022 - 6 min leitura
Notícias

O texto abaixo contem spoilers do finale de Ms. Marvel


Que diferença faz ter bons diretores. Os melhores episódios de Ms. Marvel foram, de longe, a estreia e o finale, ambos dirigidos pela dupla Adil El Arbi e Bilall Fallah. Eles temperam toda cena possível com estilo, cores e criatividade. Algo ideal para comunicar a vida de uma adolescente com super poderes como Kamala Khan (Iman Vellani). Depois de dois capítulos no Paquistão, onde a série perdeu um pouco do seu charme, o retorno a Nova York para a conclusão trouxe de volta as qualidades que tornaram esse seriado divertido e apaixonante no seu princípio.


A trama com os djinn foi encerrada - graças a Deus - no episódio passado, essencialmente deixando o Controle de Danos como último obstáculo para Kamala e seus amigos. A agência do governo está procurando por Kamran (Rish Shah) e Bruno (Matt Lintz), enquanto o primeiro garoto tenta controlar seus novos poderes e o segundo busca escondê-lo. Com a ajuda de Nakia (Yasmeen Fletcher), a dupla eventualmente vai parar na escola junto com Kamala, agora totalmente vestida com Ms. Marvel numa das melhores transições de quadrinho para adaptação em termos de uniformes no MCU.


A roupa foi costurada por sua mãe (Zenobia Shroff). Aliás, nem ela, nem o pai (Mohan Kapur) parecem estar muito preocupados com os poderes da filha ou sua vida de heroína. Para uma dupla super protetora e anti-heróis, como eles se apresentaram nos primeiros episódios, a transição para apoio total foi rápida e fácil demais. Há uma pequena conversa sobre os riscos de suas novas aventuras, mas o momento dura apenas alguns segundos e não é suficiente para justificar a mudança de comportamento do casal. Por outro lado, o suporte à filha significa que podemos pular todo o drama cansativo de pais tentando impedir que seus filhos arrisquem a vida, se coloquem em perigo, insistindo no foco na vida escolar e em notas, etc. O atalho tomado por Bisha K. Ali no roteiro foi enorme, mas é difícil criticar a decisão da showrunner quando o lugar no qual ela chega é tão melhor. O nome "Ms. Marvel", inclusive, surge num papo com o pai, e o momento está entre os melhores exemplos de "surgimento do nome de herói" na Marvel até hoje.


Falando em atalhos, milagrosamente, Zoe (Laurel Mardsen) e Aamir (Saagar Shaikh) chegam na escola para ajudar Kamala e os outros a afastar o Controle de Danos por tempo suficiente para que Kamran vá até o porto de Nova York e pegue um navio para fugir da cidade em direção ao Paquistão. A explicação para a entrada dos dois, especialmente da garota, é forçada para dizer o mínimo. Mas, novamente, o resultado final é divertido suficiente para perdoarmos, até certo ponto, os pulos de lógica.


Kamran nunca foi um personagem muito interessante e seus breves blefes com a vilania nesse finale não convencem nem um pouco - felizmente a série não foi pra frente sua transformação em supervilão - mas independente do nosso investimento emocional no futuro do rapaz, ver os seis amigos defendendo a escola de maneiras criativas, engraças e jovens (experimentos químicos tipo David Dobrik incluídos) foi ótimo. Adil e Bilall dosam o momento com luzes neons, criando enquadramentos inesperados e coloridos, e usam todo truque em seu arsenal. Transições de cenas dinâmicas, movimentos de câmera inusitados - um deles, por baixo de um carro, é genuinamente incrível - e usando uma linguagem visual semelhante a do primeiro episódio para deixar a sequência cada vez melhor.


A luta final, na qual Kamala usa seus poderes para ficar maior - aumentando braços e pernas como faz nos quadrinhos, mas aqui usando a luz sólida - não tem a mesma assinatura dos diretores, mas ainda é bem executada e conta com momentos de genuína emoção para Vellani. Ela continua a melhor parte de toda a série e um achado da Marvel graças a sua atuação simultaneamente relaxada e inquieta. Ela é, afinal, adolescente. Claro, o final é feliz e todos continuam bem, mas Ms. Marvel encontrou sucesso quando não foi sobre grandes riscos ou destinos do mundo. Por isso, a trama dos djinn foi tão ruim e tão desnecessária. Ver Kamala e seus amigos lidando com sua vida é mais interessante.


Também interessante foi a decisão de transformá-la na primeira mutante do MCU
. Os mutantes são alegorias para pessoas perseguidas, então usar a primeira protagonista paquistanesa do universo para apresentá-los foi interessante. Kevin Feige e companhia não parecem interessados em trazer os Inumanos de volta, então por que não usar a origem genética de Ms. Marvel para abrir o caminho para os X-Men? Ouvir um trechinho do tema clássico do grupo quando Bruno usa a palavra "mutação" foi de arrepiar.


Certamente veremos mais sobre a origem mutante de Kamala em As Marvels, quando a atriz atuar ao lado de sua heroína Carol Danvers (Brie Larson). Ela, é claro, aparece na cena pós-créditos. Torçamos para que o filme de Nia DaCosta saiba utilizar Vellani tão bem quanto Ms. Marvel soube.

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