Missão: Impossível - Acerto de Contas usa paixão de Tom Cruise em luta contra inteligência artificial - Crítica

Missão: Impossível - Acerto de Contas usa paixão de Tom Cruise em luta contra inteligência artificial - Crítica

Frenético, novo filme de ação com Cruise viaja pelo mundo com o olhar romântico de seu herói

Thiago Romariz
5 de julho de 2023 - 5 min leitura
Notícias

Em determinada cena do sétimo Missão: Impossível, Ethan Hunt (Tom Cruise) vê o rosto de todas as mulheres do filme antes de tomar uma decisão importante. Seus dois amigos, ajudantes em todas as loucuras, estão lá, mas as moças, peças fundamentais na jornada do agente, são o motivador principal. Se antes a esposa era o catalisador dos riscos, agora Hunt salva e guia quem puder, especialmente as mulheres que aparecem pelo grandioso e empolgante caminho de Acerto de Contas - Parte 1.

Tal retrato do protagonista não é por acaso, pois Tom Cruise, que assumiu o papel de salvador do cinema no pós-COVID, se inspira na imagem da clássica Hollywood para remontar o herói de uma época em que as telonas significavam o ápice do entretenimento. E por mais que soe antiquado em alguns momentos, assim como em Top Gun: Maverick, o astro consegue alcançar seus objetivos, tanto em tela quanto fora dela.

A orquestra estrelada por Cruise é guiada pelo parceiro de longa data Christopher McQuarrie, talvez o grande responsável por modernizar esse ar oitentista do herói sem poderes indestrutível. Alguns dos traços mais importantes do diretor são repetidos aqui com a mesma excelência vista em Efeito Fallout, ainda que sem a mesma consistência de ritmo estabelecida no anterior.

Acerto de Contas segue como um ótimo exemplo de como equilibrar ação, comédia e desenvolvimento de personagem em uma mesma sequência - uma cena num aeroporto molda os poderes do antagonista, as angústias de Hunt e ainda apresenta espaço, imagem e tempo como se o espectador estivesse dentro da bomba relógio enfrentada por Benji (Simon Pegg). Uma perseguição em Roma não é tão diferente, ainda que foque mais na comédia entre Hayley Atwell, a mais nova ótima adição ao grupo, e Cruise, sempre conectados pelo movimento frenético da câmera de McQuarrie, que mesmo quando abre espaço para o pastelão, não abre mão de expandir o quadro com intuito de olharem onde a loucura está ocorrendo.

Esse deslumbre pelo espaço em si, como tudo em MI7, não é gratuito. Cruise viaja o mundo e conhece as pessoas mais charmosas da Terra com o intuito de encantar o espectador pelo exótico, pelo caro, pelo diferente, pelo inalcançável. Como uma Carmen San Diego de carne e osso, Ethan Hunt aqui se despe da face de agente mais tecnológico e até formal de outros capítulos, para um sujeito que explora o mundo a fim de salvá-lo pela admiração que tem não só pela família que escolheu, como também pela Terra em si - o momento em que ele admira Veneza pela primeira vez mostra como o encantamento com paisagens nunca se esvai.

Essa visão em outras aventuras talvez soasse piegas ou forçada, mas a elegância com a qual McQuarrie retrata cenários, e a paixão com a qual Cruise monta este Hunt em constante evolução, transmite a honestidade e transparência com que a aventura é montada. Ethan Hunt já esteve perto de ser como um 007, ele abraça o conceito de família como Toretto, ele enfrenta fantasmas do passado como Batman. Ele já foi várias coisas, e ao passo que últimos filmes vão se conectando, a figura deste agente, que agora luta contra uma inteligência artificial capaz de destruir o mundo, volta no tempo para remontar a figura do herói clássico de Hollywood com um grande acerto: recontextualizar a experiência visual para os tempos atuais, sem perder de vista a qualidade narrativa que invariavelmente é descartada em franquias como essa.

Se soa exagero dizer que o cinema tem em Tom Cruise um salvador, não é nenhum impropério dizer que essa arte tem no cidadão um de seus grandes amantes e realizadores da atual geração.

4/5

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