Martin Scorsese diz que falta de curadoria dos streamings está reduzindo filmes a conteúdo

Martin Scorsese diz que falta de curadoria dos streamings está reduzindo filmes a conteúdo

Diretor critica o uso de algoritmos para determinar o que a audiência deve assistir

Guilherme Jacobs
17 de fevereiro de 2021 - 3 min leitura
Notícias

O lendário diretor Martin Scorsese, cineasta por trás de clássicos como Taxi Driver, Os Bons Companheirose Lobo De Wall Street, publicou um ensaio na revista Harper Magazine criticando o uso de algoritmo nos serviços de streaming e dizendo que a falta de curadoria das plataformas está reduzindo filmes à conteúdo.


No texto, batizado de Il Maestro, Scorsese celebra a carreira do gigante diretor italiano Federico Fellini, e acaba afirmando que a mágica daqueles tempos está se perdendo e a arte do cinema "está sendo sistematicamente desvalorizada, marginalizada, humilhada e reduzida ao seu menor denominador comum," concluindo que isso transforma filmes em "conteúdo."


"Há uns 15 anos, o termo 'conteúdo' só era escutado quando pessoas estavam discutindo cinema num nível sério, e ele era contrastado com e medido contra 'forma,"" escreveu Scorsese. "Então, gradualmente, ele foi usado mais e mais pelas pessoas que tomaram controle das empresas de mídia, os quais em sua maioria não sabem nada sobre a história dessa forma de arte ou se importavam o suficiente para achar que deviam saber."


"'Conteúdo se transformou num termo de negócios para todas as imagens que se movem. Um filme do David Lean, um vídeo de gato, um comercial do Super Bowl, uma continuação de super-herói, um episódio de série. Está ligado, claro, não à experiência teatral mas a assistir em casa, nas plataformas de streaming que tomaram conta da experiência de ver filmes, assim como a Amazon dominou as lojas físicas."


No texto, Scorsese admite que streaming já beneficiou sua carreira, afinal a Netflix financiou O Irlandês e agora a Apple está produzindo Killers of the Flower Moon, mas ele critica a falta de curadoria das plataformas. "Se o próximo filme é 'sugerido' por algoritmos baseado no que você já viu e as sugestões são baseadas apenas no tema ou gênero, o que isso faz com a arte do cinema?" questiona o diretor.


"Curadoria não é antidemocrático ou 'elitista,' o termo é tão usado agora que ficou sem significado. É um ato de generosidade - você está compartilhando o que você ama e o que inspirou você. (As melhores plataformas de streaming, como o Criterion Channel e MUBI e canais tradicionais como TCM são baseados em curadoria - e eles realmente têm curadoria). Algoritmos, por definição, são baseados em cálculos que tratam a audiência como um consumidor e nada mais."


Por fim, o diretor conclui que cabe aos amantes do cinema mudar isso, porque a mudança não partirá das empresas. "Aqueles de nós que conhecem o cinema e sua história temos que compartilhar nosso amor e conhecimento com a maior parte de pessoas possíveis. E deixar claro para os donos legais desses filmes que eles são muito, muito mais do que propriedades para serem exploradas e trancadas. Eles estão entre os grandes tesouros da nossa cultura, e devem ser tratados de acordo," declarou Scorsese.

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