Em seus melhores momentos, Invasão Secreta chega perto de nos convencer que Gravik, o líder Skrull rebelde interpretado com fogo por Kingsley Ben-Adir, está correto. Sim, ele quer começar a Terceira Guerra Mundial e acabar com os humanos, mas em grande parte pela interpretação do ator, compreendemos a frustração dele de ver seu povo negligenciado por três décadas. Paralelamente, Talos (Ben Mendelsohn), acredita na convivência das duas espécies. Mas em entrevista publicada com exclusividade pelo Chippu, Mendelsohn admite que, talvez, Gravik veja as coisas com mais clareza que o herói.

"Gravik pensa que Talos está condenando os Skrulls a uma existência semelhante a cachorros na Terra," Mendelsohn disse, explicando a dinâmica dos dois. "Mas o fato é que Talos está entre os humanos há muito tempo e é capaz de entender os humanos muito melhor do que Gravik. E ele também desenvolveu um relacionamento muito forte com um ser humano em particular. E essa pessoa é Nick Fury [Samuel L. Jackson]."

A amizade com Fury, porém, pode impedir Talos de enxergar a realidade. "Então, acho que Talos está mais bem informado, de certa forma. Mas também é possível que ele esteja cego pela força de seu relacionamento com Nick Fury, que é um ser humano extraordinário. Então Gravik tem uma postura de tudo ou nada, que Talos não compartilha," explicou o ator.

Para Mendelsohn, uma das razões por trás dessa dúvida, da capacidade de adotar a perspectiva de seu adversário, é o trabalho de Ben-Adir. Recentemente visto no trailer da aguardada cinebiografia de Bob Marley, o jovem ator tem subido rapidamente em sua carreira, e Mendelsohn reconhece o talento.

"Kingsley traz uma energia incrível e um verdadeiro ponto de interrogação sobre quem é Gravik e por que ele é do jeito que é. Ele traz muito poder para o papel e muita vulnerabilidade," disse o veterano. "Pelo que vi trabalhando com Kingsley, ele tem um núcleo emocional extremamente forte. Há muita sensibilidade e beleza na forma como você encara os problemas. É muito impressionante."

Aliada a essa abordagem, explica o ator de Talos, está a postura da série de usar o Skurlls para representar minorias deslocadas na vida real, um tema que ajuda a firmar na audiência a ideia de que, talvez, não haja heróis e vilões tradicionais em Invasão Secreta.

"Qualquer história que valha a pena deve refletir o que está acontecendo no mundo. Para mim, sempre tem a ver com quem somos, o que somos, onde estamos, em que época estamos. E não é preciso se esforçar muito para ver no problema Skrull a situação de muitas pessoas que são minoria e são tratadas ou percebidas de forma diferente pelo grupo predominante. Então, nesse sentido, a narrativa é muito traduzível," diz Mendelsohn.

"Espero que as pessoas possam abordar a série com leveza, mantendo esses conceitos e possam aproveitar a série como entretenimento. Mas o tema está lá," ele argumenta. "A Marvel sempre teve o dom de pegar coisas da cultura e tendências populares e integrá-las em seu material. E acho que Kevin Feige e companhia mantiveram essa tradição viva. Eles permaneceram fiéis ao que eu acho que sempre foi ótimo sobre a marca Marvel, que é que eles são rápidos em pegar o que está acontecendo ao seu redor e integrá-lo. E acho que eles fizeram isso especialmente com esta série."

Invasão Secreta recebe novos episódios toda quarta-feira no Disney+.