Gavião Arqueiro: Então Já é Natal? - Crítica do Chippu

Gavião Arqueiro: Então Já é Natal? - Crítica do Chippu

Primeira temporada da série termina com inconsistência na ação e drama, mas reforça a incrível dupla de Florence Pugh e Hailee Steinfeld

Guilherme Jacobs
22 de dezembro de 2021 - 9 min leitura
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Este post contém spoilers de "Então Já é Natal?", último episódio de Gavião Arqueiro


Não há nada mais apropriado para o Natal do que encerrar Gavião Arqueiro com um belo laço. Os conteúdos do presente podem ser debatidos, é preciso abri-lo para ver se realmente gostamos, e a reação vai variar de pessoa em pessoa. Mas o laço? Praticamente perfeito. A série da Marvel entrou em seu último episódio - "Então Já é Natal?" - com diversas linhas narrativas necessitando de fechamento. Como o Rei do Crime de Vincent D'Onofrio retornaria ao MCU? Qual seria sua dinâmica com Eleanor Bishop (Vera Farmiga) e como seria a reação de Maya (Alaqua Cox) ao saber de seu envolvimento com a morte do pai? E, mais importante, Clint (Jeremy Renner) e Kate (Hailee Steinfeld) vão conseguir escolher o nome do Pizza Dog enquanto lidam com todas essas ameaças (e a Yelena de Florence Pugh)?


Como um todo, o último episódio - o único com uma hora de duração - consegue equilibrar todos esses pratos sem deixá-los cair. Wilson Fisk, revelado semana passada, é nossa porta de entrada na conclusão da temporada com uma cena de abertura na qual entendemos seu relacionamento com Eleanor. Seu falecido marido não era um anjo, afinal, e devia dinheiro para o Rei do Crime. Eleanor não só quitou a dívida, como deu a Fisk rios de dinheiro graças à uma parceira frutífera através da qual ela, também, enriqueceu. Mas, agora, com Kate envolvida, ela quer sair. Sua resposta, então, foi contratar Yelena para matar Clint e declarar para o Grandão em sua frente sua saída do mundo do crime. A reação dele, você imagina.


Esse episódio reforça todas as qualidades de D'Onofrio como Wilson Fisk. De todos os atores a passar pelo MCU, ele é um dos melhores a transmitir um desequilíbrio no seu personagem, sempre dando a impressão de estar na beira de um ataque nervoso, do pânico, de perder a paciência e controle. Sua testa suada, sorriso forçado e olhar cansado revelam um poder e perigo tão grande quanto sua estatura, outro elemento sob comando do ator, cuja excelência em aproveitar a fisicalidade do Rei do Crime nos diálogos está clara desde sua estreia em Demolidor. Ele, também, é o único a tirar alguma profundidade da atuação de Farmiga na série. A atriz foi, infelizmente, desperdiçada pela Marvel.


A deserção de Eleanor leva Fisk ao extremo e ele ordena um ataque à festa de Natal dos Bishops, nos levando ao clímax do episódio. Jack (Tony Dalton) era, de fato, inocente e está presente, assim como Yelena, e a Máfia dos Agasalhos - liderada por Kazi (Fra Fee) chega para acabar com as celebrações, iniciando a batalha final da temporada. O grande destaque dessa sequência prolongada é, sem dúvida, a interação entre as futuras Vingadoras, com Pugh e Steinfeld novamente mostrando seu potencial juntas.


Semana passada, já tínhamos visto a química entre as duas atrizes começando a dar frutos, mas aqui fica claro como uma espécie de Jovens Vingadores juntando Yelena e Kate seria fantástico. Começando com um hilário diálogo no elevador do prédio da Bishop Security e partindo para uma cena de luta na qual ambas personagens não conseguem evitar gostar (e até admirar) sua adversária, as interações entre Pugh e Steinfeld são como fogos de artifício. Ambas atrizes exalam o tipo de charme e carisma vistos nos melhores atores do MCU. Será um prazer ver 10 anos de ambas nesses papéis. Juntas, de preferência.


Nas sombras dessas duas personagens está Clint, cuja função nesse último episódio é, bom, lutar. Não há muito drama envolvendo o titular Gavião Arqueiro na conclusão, ele só precisa terminar a missão e garantir a segurança de Kate para voltar para casa a tempo do Natal com a família. O único momento no qual ele é testado além das habilidades físicas vem no confronto climático com Yelena, quando ele precisa convencê-la do sacrifício de Natasha para garantir a Joia da Alma em Vingadores: Ultimato. Há alguns momentos para se destacar da parte do intérprete de Barton, mas a cena funciona em maior razão graças à Pugh.


Simultaneamente, Kate e Maya partem para seus confrontos climáticos, e ambos são decepcionantes - mas por razões diferentes. Vamos começar pela futura protagonista da série Eco. Alaqua Cox se encaixa bem no papel e se garante quando é hora de trocar socos, mas acabou ficando com o palito menor na conclusão da temporada em termos dramáticos. Sua reviravolta esquecendo Clint e partindo para se vingar de Kazi e Fisk é rápida e conveniente, e sua personagem não passa por momentos de reflexão ou aprendizado claros antes de trocar de lado. A atriz faz o possível e, de fato, compensa muitas faltas do roteiro. Ela, porém, merecia mais.


Já a aprendiz de Gavião Arqueiro precisa salvar a mãe de Fisk. Se as cenas de diálogo com D'Onofrio reforçaram suas qualidades no papel, a luta entre o Rei do Crime e a jovem arqueira nos lembra dos problemas presentes em seu vilão desde a primeira temporada de Demolidor: é difícil construir uma cena de ação com ele. Seus golpes precisam ser escondidos, sempre parecem desajeitados e o ator não consegue se mover com facilidade. Parte disso é a dificuldade de D'Onofrio nesse tipo de trabalho, e parte é uma coreografia de combate que não tira proveito da fisicalidade de Fisk. A vitória de Kate também é difícil de aceitar. Ela treinou, sabe lutar, é inteligente, mas o momento não convence. Se o clímax de Maya falha pelo roteiro, esse caí pela ação.


Onde a ação não deixa a desejar, entretanto, é quando Clint e Kate finalmente botam pra quebrar com o arco e flechas (incluindo inúmeras flechas especiais) ao enfrentar e derrotar todos os Agasalhos. A cena não está entre as grandes sequências de luta do universo Marvel, mas é visualmente criativa e divertida o suficiente para servir como ponto alto do episódio em termos de batalha.


A execução de "Então Já é Natal?" é, então, inconsistente. Semelhantemente estranho é como, depois de vários episódios deixando para trás o clima mais cômico e limitado do início da série em troca de uma expansão rápida do MCU com novas conexões e personagens importantes, Gavião Arqueiro decide diminuir seu foco. Não há nada sobre o futuro de Yelena, nenhuma aparição de Contessa Valentina Alegra de Fontaine, nenhuma pista dos Jovens Vingadores e a cena pós-créditos - a apresentação inteira de uma música de Rogers: The Musical - é divertida, mas sem peso.


Entre sucessos e fracassos, Gavião Arqueiro termina sua temporada acertando o alvo, mas com sua flecha longe do centro. Clint, Kate e Lucky, o Pizza Dog, chegam na fazenda da família Barton a tempo do Natal, o relógio - como muitos teorizavam - de fato confirmam o passado de Laura (Linda Cardinelli) como Agente da SHIELD (claro, dã, o que você esperava? Uma personagem sem conexão com o resto do MCU? Impossível!) e os presentes são abertos. A melhor parte, realmente, foi o laço.


Nota da temporada: 3/5

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