
Falcão e o Soldado Invernal - Episódio 4: Crítica do Chippu
John Walker dobra uma esquina da qual não tem volta

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Esse texto contém spoilers de "O Mundo Está Vendo" quarto episódio de Falcão e o Soldado Invernal.
Só há um Steve Rogers. Esse é o argumento de Zemo (Daniel Brühl, cuja cena dançando foi divulgada em sua completude) a favor da destruição dos super-soldados. A existência do Primeiro Vingador e como ele não se deixou corromper pelo poder, pela autoridade, pelo governo ou pelo desespero não é a regra, mas a exceção, diz o sokoviano. Cada vez mais, parece que ele está correto.
Em outra conversa no episódio, batizado de "O Mundo Está Vendo", Lamar Hoskins (Clé Bennett) diz para John Walker (Wyatt Russell) que a fórmula do super-soldado, ou poder como um todo, só transforma a pessoa numa versão mais intensa de quem ela é, e usa Rogers como argumento de um bom cenário contra Karli Morgenthau (Erin Kellyman) como de um cenário ruim. Essa é uma visão extremamente inocente da capacidade corruptiva que "poder" tem sobre seres humanos. Ele devia relembrar a icônica frase do Dr. Erskine (Stanley Tucci) em O Primeiro Vingador.
Mas o ponto de Hoskins é provado quando, após sua morte nas mãos de Karli na batalha final do capítulo, Walker perde de vez a cabeça. Já estava claro que ele tinha pavio curto, suas soluções muitas vezes são socos e chutes apenas, mas após se sentir humilhado quando é derrotado pela Dora Milaje de Wakanda - em busca de capturar Zemo -, ele se vê desesperado por socos e chutes mais fortes. "Elas nem tinham o soro," ele diz, incrédulo ao ver um grupo de mulheres africanas capaz de derrotar a poderosa máquina de guerra norte-americana, um toque sutil do roteiro de Derek Kolstad (John Wick) para unir os temas de política e racismo da série.
Na busca por poder, Walker toma a última gota de soro restante depois que Zemo destrói as capsulas de Karli e obtém o seu desejo. E, no clímax da história, vemos o novo Capitão América basicamente decapitando um Apátrida, concluindo com a já icônica imagem dele segurando o escudo ensanguentado enquanto dezenas de civis o filmam. O símbolo está corrompido.
O Capitão América não era admirado por ter a bandeira dos EUA no peito, mas sim por ser Steve Rogers, alguém que planta seu pé no lugar correto e se recusa a sair. Nesse episódio, vemos tanto Walker quanto Karli tentando puxar Sam (Anthony Mackie) para o seu lado, seja através de autoridade ou argumentação, eles querem convencer o Falcão de que os fins justificam os meios. Wilson, entretanto, se recusa. Quando a líder dos Apátridas tenta o colocar dentro de uma caixa, descrevendo ele ou como um otimista, ou como genial, ele aponta para o fato de que usar extremos é o tipo de coisa que supremacistas fazem (algo apontado também por Zemo). Ela não consegue conceber alguém fora das polarizações, alguém vendo os dois lados e ainda sim não abrindo mão da busca por um caminho melhor.
Foi isso que Steve viu em Sam Wilson, cabe agora ao Falcão ver isso em si mesmo. Falcão e o Soldado Invernal já está apresentando o herói como alguém que age feito o Capitão América, e nada representa isso tanto quanto seus embates filosóficos com os outros personagens. Karli, Zemo e Walker todos têm pontos de vistas fortes e concretos, coisas nas quais acreditam fielmente. Quando Sam conversa com eles, ele precisa se mostrar à altura dos argumentos que enfrentará, e até agora o personagem de Mackie tem sido capaz. O melhor desses momentos é sua conversa com Morgenthau, onde seu passado aconselhando soldados com stress pós-traumático e o carisma do ator se unem. É o tipo de cena que essa série precisa mais.
Falcão e o Soldado Invernal ainda toca nos principais temas apresntados no começo - legado, racismo e política - mas os últimos episódios parecem ter colocado essas coisas em serviço do enredo, diferente do primeiro, quando eram os personagens (e suas personalidades) que ditavam o ritmo. Por isso, cenas como a citada acima, ou a conversa por telefone entre Karli e a irmã de Sam, Sarah (Adepero Oduye) - que diz não se importar com Walker, o "mascote dos EUA", porque o país não se importa com seu mundo - saltam tanto da tela. É quando os temas deixam de ser implícitos e recebem o holofote que merecem.
Quem também merece receber mais destaque no desenvolvimento é Bucky (Sebastian Stan). Depois do momento "terapia em casal" com Sam no segundo episódio, o antigo Soldado Invernal tem ficado cada vez mais calado enquanto pessoas tentam o definir. É natural que o Falcão receba mais ênfase - parte da intenção da série parece ser estabelecê-lo como novo Capitão América - mas não dar mais foco em Barnes é um desperdício do ator, especialmente depois de ver a capacidade de atuação de Stan na cena de flashback em Wakanda.
Agora, faltam dois episódios, e não há como voltar atrás da esquina dobrada aqui. Se Sam se importa com o escudo do Capitão América, se ele acredita mesmo em seu discurso da estreia ("símbolos não são nada sem as pessoas por trás deles"), então parte de sua missão agora não é apenas parar Karli, mas impedir que Walker continue manchando o legado de Steve e tomar de volta o que é seu. Ele já é o Capitão, agora, é hora de vestir o uniforme. O mundo está vendo.
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