Falcão e o Soldado Invernal - Episódio 3: Crítica do Chippu

Falcão e o Soldado Invernal - Episódio 3: Crítica do Chippu

Qual o custo de super-heróis?

Guilherme Jacobs
2 de abril de 2021 - 8 min leitura
Notícias

O texto a seguir contém spoilers para "Mercador do Poder", o terceiro episódio de Falcão e o Soldado Invernal


Qual o custo de super-heróis? Sabemos que no mundo real, onde eu e você existimos, há um preço a pagar para se te poder e normalmente quem o paga não é a mesma pessoa comprando. Seja através das nações conquistando mais territórios indígenas na era do colonialismo ou dos fundamentos norte-americanos estabelecidos nas costas de escravos negros, a humanidade não desassocia o progresso da exploração.


Então, por que seria diferente com superpoder? "Mercador do Poder", o terceiro episódio de Falcão e o Soldado Invernal mostra isso. Ele levanta o tapete para mostrar toda a poeira por trás da construção de um novo supersoldado. Quando Dr. Dr. Abraham Erskine (Stanley Tucci) criou a fórmula em O Primeiro Vingador, ele escolheu Steve Rogers (Chris Evans) como seu recipiente usando a seguinte frase: "Um homem forte que sempre conheceu o poder, pode perder o respeito por esse poder. Mas um homem fraco conhece o valor da força e conhece o valor da compaixão." O Capitão América do Marvel Studios era interessante por seu posicionamento contra o governo e seus sistemas. Ele não foi seduzido pela ultravigilância da SHIELD em O Soldado Invernal e sabia o que General Ross (William Hurt) queria com os acordos de Sokovia em Guerra Civil.


Não a toa, em Guerra Civil também conhecemos o Barão Zemo (Daniel Brühl). Seus caminhos são tortos, mas ele acredita no que defende e entende o risco de ter seres com habilidades sobrehumanas andando por aí, especialmente quando elas se tornam símbolos. Ele é, nesse episódio, o responsável por guiar Sam (Anthony Mackie) e Bucky (Sebastian Stan) pelos bastidores dos superpoderes, pelo mercado negro por trás de fórmulas para aumentar a força, velocidade e estamina das pessoas, e pelo tipo de pessoa capaz de acumular dinheiro, status e influência com isso.


O trio, após uma sequência de absurda engraçada e divertida na qual Zemo escapa da prisão, vai para a nação fictícia de Madripoor, uma ilha no sudeste da Ásia onde não há leis e pessoas como o misterioso Mercador do Poder que dá nome ao episódio se tornam reis. Lá encontramos Sharon Carter (Emily VanCamp), agora uma vendedora de peças de arte raras e caríssimas, mas distante de sua família e nação por ter roubado o escudo do Capitão América em Guerra Civil. Ela, também, pagou o preço.


Esse episódio é o melhor argumento para o posicionamento anti-heróis de Zemo. O Barão aproveita cada oportunidade possível para mostrar como símbolos supostamente puros tais quais o escudo que Steve carregava deixam por trás uma trilha de sangue e corpos. Cientistas da Hydra cujos pecados são desconsiderados pela CIA na hora de obter a fórmula de Erskine, supersoldados negros que, como seus antecessores escravos, foram pisoteados pelos EUA no nome do avanço bélico e político.


Sam entende esse custo. Seus antecessores são os mesmos de Isaiah (Carl Lumbly). Em um certo momento do episódio, Zemo veste o Falcão com uma roupa extravagante para passá-lo como um mafioso africano, o Vingador diz esstar vestido como um cafetão e o Barão responde que apenas nos EUA um homem negro com um senso de moda seria considerado algo assim. Cada vez mais o personagem de Mackie está percebendo que o que tornava o escudo bom não eram as cores da bandeira presentes em seu metal, mas o homem o segurando.


Agora, o escudo está nas mãos de um homem ordenando seus soldados a não darem aos alvos tempo para respirar, alguém que acredita em "os fins justificam os meios" e pronto para resolver as coisas na violência. Qual o custo disso?


Karli (Erin Kellyman, que entrevistamos exclusivamente!) também está na busca por poder e ganhando cada vez mais audácia. Com a morte do cientista de Madripoor responsável pela nova fórmula do supersoldado, ela sabe que os Apátridas agora tem mais influência, afinal se o Mercador do Poder quiser recuperar aquilo no qual ele gastou tanto recurso, não pode simplesmente matar Morgenthau e seus aliados. O poder, entretanto, está subindo à cabeça dela, que nesse capítulo mata pela primeira vez pessoas inocentes (bom, não inocentes nos olhos dela, com certeza).


Os filmes da Marvel nos mostram apenas o topo do iceberg. Assim como ver uma história de ação de soldados americanos defendendo seu país contra terroristas numa guerra, eles, em sua maioria, tem lados bem definidos e claros (Pantera Negra serve como exceção comprovando a regra), mas Falcão e o Soldado Invernal está mostrando o que há por trás disso tudo. Assim por trás dos corajosos soldados dos EUA há um governo procurando oportunidades de explorar o Oriente Médio, por trás da existência dos Vingadores há sistemas e pessoas se beneficiando de um mundo no qual é possível segurar helicópteros.


Não menciono Pantera Negra por nada. "O Mercador do Poder" termina com a aparição de uma Dora Milaje confrontando Bucky Barnes. Sam estava certo ao dizer que Wakanda não esqueceria o homem responsável pela morte do Rei T'Chaka em Guerra Civil, e Zemo foi liberto da prisão pelo Lobo Branco. A presença da nação africana na história pode reforçar ainda mais os temas de racismo já plantados por Isaiah. Vai ser interessante ver se como a série aborda o país. Será o primeiro produto da Marvel ao fazê-lo depois da triste morte de Chadwick Boseman.


Steve Rogers via o peso e responsabilidade em suas mãos. Ele foi, antes de tudo, um homem fraco com compaixão. Sabia o quão facilmente é possível tornar um símbolo em uma arma e se rebelou contra isso até o fim, mantendo-se fiel a um grupo de valores. Sam Wilson e Bucky Barnes, através de seus diferentes passados e histórias, também sabem. Talvez seja por isso que amavam tanto o antigo Capitão. Agora, eles estão vendo que se não assumirem o escudo e seu legado, isso cairá na mão de gente como John Walker (Wyatt Russell). É o custo do poder.

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