
Eco é um pequeno passo na direção correta para a Marvel
Madura e pouco interessada no resto do MCU, série se foca inteiramente na sua protagonista

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À primeira vista, Eco aparenta representar tudo que há de errado com o Marvel Studios na atualidade. Derivada de Gavião Arqueiro, que por sua vez já pareceu uma derivada dos filmes, ela parece estar a pelo menos dois graus de relevância da famosa "grande narrativa" do MCU. Entretanto, como sugeria o selo Marvel Spotlight, marca criada recentemente para identificar histórias independentes e mais maduras dentro do universo, Eco não é mais um sintoma da doença que nos levou à saturação da Marvel. Na verdade, ela pode ser o remédio.
Trazendo Alaqua Cox de volta ao papel de Maya Lopez, a anti-heroína surda que foi apresentada em Gavião Arqueiro como uma sobrinha adotiva do Rei do Crime, Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio, também de volta aqui), Eco traz com si vários "primeiros." Ela é a primeira série para adultos da Marvel, a primeira do Marvel Spotlight, e a primeira produção do estúdio a focar numa personagem nativo-americana. O maior destes méritos, porém, vem na execução da série em si; Eco é o primeiro trabalho do MCU no Disney+ cuja razão para existir é unicamente sua protagonista.
Claro, produções mais barulhentas como WandaVision e Loki (também conhecidas como as únicas séries realmente boas da Marvel) também souberam manter o holofote em seus personagens principais, mas quem vier a Eco achando que, como essas, novas pontas para o MCU maior serão apresentadas sairá decepcionado. O time liderado pelos roteiristas Marion Dayre e Amy Rardin, e a diretora Sydney Freeland, está exclusivamente interessado em explorar a jornada de Maya se reconectando com suas origens nativo-americanas, um caminho que ela tentou deixar pra trás quando encontrou seu espaço no mundo do Rei do Crime.
Claro, Wilson Fisk é uma presença recorrente na série, especialmente em flashbacks, e o Demolidor de Charlie Cox tem uma participação, mas toda a emoção, e riscos e tensão da série vem do reencontro de Maya com familiares, amigos, medos e cicatrizes deixadas para trás.
Pelo menos é isso que acontece depois do um primeiro episódio, decepcionante pela presença pesada de flashbacks (incluindo cenas repetidas de Gavião Arqueiro). A prática é compreensível, mas parece ir na contramão da proposta do Marvel Spotlight e deixará qualquer espectador familiar com o seriado de Jeremy Renner pouco interessado no capítulo inicial, com exceção da ótima cena de luta de Maya contra o Demolidor, momento impactante por tomar a perspectiva não do Homem Sem Medo, mas sim de alguém sofrendo para sequer acompanhar seus golpes.
As coisas melhoram quando Maya retorna a Oklahoma, onde não só as temáticas de Eco entram em foco, como o elenco passa a ser povoado por alguns dos melhores atores nativo-americanos da atualidade. Devery Jacobs é um dos vários nomes de Reservation Dogs presente; Chaske Spencer de A Inglesa tem um papel importante; Tantoo Cardinal de Assassinos da Lua das Flores interpreta a familiar com quem Maya mais precisa lidar, de um ponto de vista emocional.
Através de suas interações com estas e outras figuras, Maya começa seu esforço de romper de vez as ligações com Fisk, e no processo descobre ter poderes. A origem e a apresentação dessas habilidades representa a melhor ideia da série inteira; cada uma é introduzida numa sequência de visual marcante que nos leva a algum momento do passado do povo Choctaw, abraçando tanto sua mitologia criacionista quanto sua história, infelizmente marcada por constante racismo e injustiças.
Entrar nos detalhes é desnecessário, mas os poderes de Eco vem, literal e figurativamente, de sua conexão com sua identidade. Eles são uma herança cuja existência reforça a necessidade de entender, honrar e conhecer o passado de sua tribo, e juntos constroem um cenário onde cada feito só é possível devido ao esforço e sacrifício de inúmeros antepassados. Maya, e Eco, só está ali porque outros abriram o caminho primeiro.
O trabalho emocional dessas descobertas é onde a série deixa a desejar. Atores de talento como Spencer e Cardinal não são armados com o melhor material possível, e apesar da potencia de Cox como presença física, a atriz deixa a desejar na versatilidade necessária para encabeçar uma história tão carregada de temas relevantes. O foco de Eco no desenvolvimento de sua heroína é louvável, mas também torna visível os pontos onde o texto e direção da série deixam a desejar.
Ainda assim, com apenas cinco episódios, uma escala mais íntima e conflitos puramente humanos, Eco é um (pequeno) passo na direção certa para um estúdio cujo sucesso veio pelo foco em personagens e cuja recente decadência veio exatamente ao esquecer disso. Nem tudo na Marvel precisa ser como Eco (na verdade, o humor afiado faz falta), mas não é preciso ser fluente em sinais para entender as lições ensinadas aqui. Televisão virou o que é por que pessoas reais amam se envolver com pessoas fictícias. Em Eco, Maya Lopez não é uma peça num tabuleiro; ela é uma pessoa.
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