Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é o filme mais importante da Fase 4 do MCU; o Vingadores 1 da era pós-Thanos. Agora que eu chamei sua atenção, deixe-me explicar melhor.

O lançamento do teaser trailer na última quarta-feira (22), repleto de novos heróis e variantes de conhecidos, deixou claro como este será o filme a realmente explorar o multiverso. Certamente veremos essa ideia desenvolvida, também, em Homem-Formiga e Vespa: Quantumania, com a presença de Kang (Jonathan Majors), mas o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) - não Uatu - será nosso guia definitivo para estas vastas novas realidades.

O arco da Saga do Infinito ficou mais bem-definido em 2012 quando, na cena pós-créditos de Vingadores, Thanos girou sua cadeira e anunciou sua iminente chegada. Ainda não tínhamos o quadro completo, mas o esboço estava nítido: a primeira década do Universo Cinematográfico da Marvel seria sobre as Joias do Infinito. Capitão América: O Primeiro Vingador nos deu essas pistas, mas foi Vingadores o filme responsável por nos mostrar quais seriam as peças desse tabuleiro complexo de narrativas.

Semelhantemente, já tivemos algumas pistas do multiverso. O conceito inicialmente apresentado como uma farsa em Homem-Aranha: Longe de Casa foi novamente sugerido em WandaVision, passou a ser explorado em What If...?, e teve suas portas abertas em Loki, até então o momento mais importante dessa Fase 4 em termos de consequências para o MCU. Ao matar Aquele Que Permanece e garantir a chegada de sua mais perigosa variante: Kang, Loki (Tom Hiddleston) e Sylvie (Sophia Di Martino) estraçalharam a linha do tempo e expandiram de vez as possibilidades. Tudo pode acontecer agora.

Você pode estar pensando: acabamos de ver o multiverso em ação em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa! E sim, você está certo. Mas até no grandioso terceiro filme de Tom Holland como Peter Parker, o multiverso em si é algo mais auxiliar. Ele existe e afeta os acontecimentos, mas Sem Volta Para Casa é muito mais sobre a entrada do multiverso no mundo do herói do que o herói no multiverso. O conceito é essencial para o roteiro, mas nada no novo Homem-Aranha sugere como ele afetará o grande arco do MCU.

Bom, isso não é verdade. Sua cena pós-créditos - o trailer de Doutor Estranho 2 agora liberado online - sugere.

E por isso voltamos à tese inicial. Nenhum filme ou série da Fase 4 mergulhou, de cabeça, no multiverso até aqui. Na verdade, foi mais comum ver variantes entrando no MCU como conhecemos, do que ver os protagonistas partindo para outras realidades. Multiverso da Loucura vai mudar isso de maneira drástica e consequente.

Estranho não está errado. O multiverso ainda é um conceito sobre o qual nós - a audiência - sabemos perigosamente pouco. Sabemos que este é o ponto central para o MCU nos anos a seguir, mas ainda não entendemos como ele se aplica na próxima Saga. Qual é a grande história? Quem é o grande vilão? Outros universos e variantes foram apresentados, mas qual é o objetivo final de Kevin Feige, Victoria Alonso, Nate Moore e os outros responsáveis por comandar o navio do Marvel Studios?

Multiverso da Loucura jogará uma luz nisso tudo. Tudo começa pelo fato do filme ser protagonizado pelo Doutor Estranho, cada vez mais apontado como um dos personagens centrais do MCU de maneira similar a Tony Stark (Robert Downey Jr.) e Steve Rogers (Chris Evans) nas primeiras três fases. Ele é a referência da Marvel quando o assunto é o sobrenatural. Magia, dimensões diferentes e viagens no tempo passam pelas mãos cirúrgicas de Stephen Strange. Sua sabedoria o torna um expert em explicar essas novas ideias e sua arrogância o deixa vulnerável o suficiente para erros que certamente nos levarão à novas aventuras.

Mas além de Strange, há outras pessoas importantes no filme. Você já sabe como Wanda (Elizabeth Olsen) é poderosa e pode afetar a realidade, mas talvez a chave para entender a importância de Multiverso da Loucura seja America Chavez, a nova heroína interpretada por Xochitl Gomez. Entre seus poderes está a habilidade de abrir portais para caminhar pelo multiverso, algo até então só possível com o uso de feitiços elaborados ou tecnologias avançadas, nunca com tanta facilidade quanto seria possível graças à personagem. Não é difícil imaginar esse poder sendo desejado por inimigos e aliados, sua presença no MCU simplifica muito o processo de visitar realidades alternativas.

Se olharmos para a Saga do Infinito, poderemos ter certeza de que os mistérios da Saga do Multiverso (meu apelido carinhoso para o MCU pós-Ultimato) serão mantidos sob sigilo até o fim da próxima década. Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, mesmo com Estranho, Wanda e Chavez, não vai levantar totalmente o véu deste universo daqui para frente. Tão importante quanto essas novas realidades está a origem de uma nova geração de heróis - Sam Wilson (Anthony Mackie) como Capitão América, Kate Bishop (Hailee Steinfeld) como Gaviã Arqueira, Yelena Belova (Florence Pugh) como Viúva Negra - e a perigosa Condessa Valentina Allegra di Fontaine (Julia Louis-Dreyfus) está mexendo os pauzinhos na Terra. Há mais para se descobrir.

Mas se os próximos 10 anos de Marvel forem sobre o multiverso, então tenha certeza: Doutor Estranho será importantíssimo e Multiverso da Loucura é o filme responsável por nos dar um norte. Stephen Strange vai apontar a direção na qual iremos.