Crise Infinita: DCEU chega ao fim como uma grande oportunidade perdida

Crise Infinita: DCEU chega ao fim como uma grande oportunidade perdida

Uma reflexão nos 10 anos perdidos de filmes da DC Comics

Guilherme Jacobs
21 de dezembro de 2023 - 7 min leitura
Notícias

10 anos e alguns meses depois de começar com O Homem de Aço, o DCEU, sigla usada para definir o universo compartilhado por filmes live-action baseado nos quadrinhos da DC neste período, chegou ao fim. Aquaman 2: O Reino Perdido é o último respiro da continuidade que englobou filmes como Batman vs. Superman, Mulher-Maravilha, Esquadrão Suicida e, claro, duas versões de Liga da Justiça, sendo uma delas o infame Snyder Cut.

A origem da sigla DCEU (DC Extended Universe, ou Universo Estendido da DC em português) já nos diz tudo sobre esse projeto. Ela não foi originada pela Warner Bros., o estúdio que produziu todos esses filmes, e sim por um artigo da Entertainment Weekly que precisou de um apelido para a iniciativa. Acabou indo pra frente, e mesmo que a Warner, ou a antiga divisão responsável pelas produções, DC Films, nunca tenha oficializado, é assim que esse mundo, agora acabado, vai ser lembrado*.

*Fãs de Zack Snyder preferem Snyderverso, que, mais uma vez, é um apelido dado pela internet

A verdade é que esse universo sempre foi assim; mal pensado, bagunçado e rodeado informações confusas. Desde o momento no qual a Warner fez o anúncio dos títulos que viriam após Batman vs. Superman — num relatório financeiro que não foi divulgado por canais oficiais, e sim pelo Twitter de um repórter do WSJ noticiando filme por filme (incluindo os nunca lançados Ciborgue e Lanterna Verde) — ficou evidente como o estúdio queria colocar o carro na frente dos bois para alcançar a Marvel, na época prestes a lançar o segundo filme dos Vingadores e desfrutando de um ano que incluiu Guardiões da Galáxia e Capitão América: O Soldado Invernal.

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Você sabe o que veio depois. Passando pela liderança de Zack Snyder, Kevin Tsujihara, Walter Hamada, Geoff Johns, Zack Snyder de novo e eventualmente Dwayne Johnson, o DCEU virou uma série de começos falsos a partir do momento em que Batman vs. Superman não conseguiu alcançar os US$ 1 bilhão desejados pelo estúdio. Em meio a uma tragédia familiar e disputas constantes com a Warner, Snyder foi removido de Liga da Justiça durante as gravações, com Joss Whedon, diretor dos dois primeiros Vingadores, assumindo para tentar "salvar" a produção. Ele não conseguiu.

Essa sucessão infinita de executivos, cineastas e estrelas de cinema tomando as rédeas da direção criativa impediu o DCEU de jamais sair do lugar. Ao seu fim, ele não é nada mais que uma coleção de 15 partes incapazes de se conectar para formar um todo. Algumas, como o primeiro Mulher-Maravilha, foram muito boas. Outras, como Adão Negro, foram erros gigantes.

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Para ser justo, há a trilogia Snyder no meio disso tudo. Eu não sou o maior fã do diretor, mas o trio O Homem de Aço, Batman vs. Superman e Liga da Justiça de Zack Snyder é a única coisa semelhante a uma história presente nesse grupo de projetos marcados por interferência do estúdio, mudanças de rumo e conflitos internos. Diga o que quiser sobre Snyder (e eu certamente direi), mas ele tinha uma visão e uma narrativa, que incluía mais um ou dois filmes da Liga da Justiça recheados de viagem no tempo, futuros distópicos e Darkseid. Ele acabou conseguindo encerrar, de maneira acelerada (mas ainda durando quatro horas) uma versão disso com o Snyder Cut, mas o DCEU nunca se reorganizou depois de sua saída em 2018.

Apesar das aparições de personagens aqui e ali — Batman de Ben Affleck em Flash, Mulher-Maravilha de Gal Gadot em Shazam! Fúria dos Deuses e a inesquecível (por várias razões) cena pós-créditos do Superman de Henry Cavill em Adão Negro — o DCEU se fragmentou de maneira irreparável depois da saída de seu fundador. Uma nova proposta de história parecia surgir em cada filme, junto com grupos de heróis apresentados e descartados sem cerimônia e uma onda de pontas abertas que jamais serão fechadas. Nada representa isso tão bem quanto os últimos 14 meses.

Entre uma crise infinita de estética, abordagem e tom, o período de outubro de 2022, quando Adão Negro foi lançado, e dezembro de 2023, época da estreia de Aquaman 2, viu o lançamento de quatro longas-metragens, começando com o desastroso esforço de Dwayne Johnson para reordenar o DCEU inserindo Cavill de volta e dando a entender que um confronto entre o vilão e Superman era o grande plano. Cavill, na verdade, nunca tinha sido contratado de volta. Depois do fracasso de Johnson na bilheteria, a hierarquia permaneceu como estava.

Adicione a isso um pós-créditos bizarra conectando Shazam à Sociedade da Justiça e o ressurgimento de George Clooney como Batman em Flash, e vemos claramente como não havia ninguém conversando com ninguém por trás das cenas.

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Só que havia. Quando Adão Negro foi lançado, James Gunn já havia sido contratado para ser o "Kevin Feige da DC." Enquanto toda essa bagunça acontecia, Gunn e Peter Safran começaram a bolar um reboot para limpar de vez a casa, começando com um novo Superman em 2025 um universo inédito (este tem nome oficial: DCU). Alguns fãs, em especial os mais devotos a Snyder, insistem em criticar a decisão, mas olhe para essa década passada. Você pode culpá-lo?

O principal problema do DCEU foi a falta de coerência dentro e fora da tela. Pelo menos, com Gunn e seu novo DC Studios, há uma voz experiente, criativa e empolgante impedindo que o passado se repita, e que outra oportunidade não seja perdida.

Afinal, não há definição melhor para os 10 anos de DCEU. Há muitas razões para duvidar do sucesso da visão inicial de Snyder, mas ao menos era uma visão. Sua escolha como mandante foi equivocada, mas sua demissão e o vácuo deixado por lado asfixiaram qualquer chance de fazer algo interessante com alguns dos personagens mais ricos, históricos e importantes da cultura pop do último século. O mundo DC Comics é repleto de grandes obras. Ele merecia mais.

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