Cavaleiro da Lua: A Tumba - Crítica do Chippu

Cavaleiro da Lua: A Tumba - Crítica do Chippu

Quarto episódio, o melhor até aqui, dispensa uniformes e traz um final incrível

Guilherme Jacobs
20 de abril de 2022 - 6 min leitura
Notícias

O texto a seguir contém spoilers do quarto episódio de Cavaleiro da Lua


Depois de seu pior episódio até aqui na semana passada, Cavaleiro da Lua deu a volta por cima com uma de suas horas mais empolgantes e refrescantes até aqui. Sem poderes ou trajes especiais, Steven/Marc (Oscar Isaac) e Layla (May Calamawy) partem para dentro da grande pirâmide de Giza para encontrar a tumba de Ammit (que também é a tumba de Alexandre, o Grande!) e no processo descobrem os segredos escondidos nessa construção monumental, incluindo criaturas assustadoras.


Totalmente voltado para seus personagens principais e com tempo para coadjuvantes, o capítulo não contém nenhuma cena de ação infestada por CGs com o herói uniformizado, e encontra tensão de outras maneiras. Sem poderes e de volta ao comando do corpo (ainda bem!), Steven precisa encarar os problemas adiante usando seu conhecimento de história e mitologia egípcia. Seu retorno ao centro da narrativa foi algo muito bem-vindo, já que a maior força da série até aqui foi manter suas lentes focadas no personagem e em sua jornada na busca por, bom, saúde mental. É um testamento para as qualidades de Cavaleiro da Lua ver como é desnecessário inserir grandes sequências de luta ou trazer elementos do restante do MCU para criar uma hora de televisão cativante. Há, sim, momentos empolgantes. Estes envolvem criaturas (múmias?) estranhas e fortes dentro da pirâmide. Elas perseguem os humanos e os matam violentamente. O momento no qual um deles se aproxima de Steven e Layla é repleto de tensão e suspense, gerando mais empolgação do que as lutas fracas dos episódios recentes simplesmente através da boa direção e execução. Claro, é um momento escuro e a série esconde bastante a múmia, mas isso colabora para o sentimento de terror construído aqui.


Ajuda ter um ator como Isaac, novamente brilhante no papel e elevando o texto com muita personalidade, carisma e charme. É quase suficiente para acreditarmos que, no pouco tempo com ele, Layla seria capaz de se apaixonar por Steven. Talvez só ter a aparência de Marc e não ser tão egoísta seja suficiente, mas o desenvolvimento de um romance entre os dois pareceu uma tentativa de criar alguma espécie de drama inútil entre Steven e Marc. Felizmente, as diferenças entre os dois homens se resolvem rapidamente.


O romance também não funciona porque, bom, Layla é uma total desconhecida. Calamawy é uma atriz competente, mas o material simplesmente não está lá. Na sua cena dramática com Arthur (Ethan Hawke) - outra figura subdesenvolvida até aqui - ela descobre mais detalhes da morte do pai, um arqueólogo egípcio assassinado por mercenários. Marc estava lá. Ele não o matou, mas contribuiu para a tragédia. Talvez, em outra encarnação de Cavaleiro da Lua, Layla teria sido construída com mais cuidado até aqui, mas seu propósito na série, até aqui, foi dar a Isaac alguém para contracenar e pouco mais. Ela merece mais. O encontro com Harrow é bem atuado pelos dois atores, e a cena como um toda é elaborada de maneira inteligente, mas o peso emocional não existe. O soco não conecta. Sabemos pouco demais sobre os interesses, gostos, medos e falhas dessas pessoas para nos envolvermos com elas.


É diferente, por exemplo, no epílogo do episódio. Após ser baleado por Arthur, Marc (de volta no controle depois de uma discussão emocional com Layla sobre a morte do pai dela) acorda numa espécie de hospício. Por alguns segundos, Cavaleiro da Lua parece estar preparando uma ousada reviravolta, sugerindo que os acontecimentos da série estão apenas dentro da cabeça do seu protagonista. É uma ideia que teria funcionado melhor se surgisse mais cedo, quando ainda havia algum vislumbre de ambiguidade em relação aos poderes do Cavaleiro e a existência das divindades. Agora, ela é só um truquezinho divertido (mas, pelo menos, é o momento que melhor utiliza os talentos de Hawke). Talvez, cientes disso, os roteiristas decidiram deixar claro sua natureza sobrenatural ao não só promover o primeiro encontro entre Marc e Steven, um encontro tornado mais emocional pela atuação e pelo trabalho do roteiro com esses personagens. Aqui, o trabalho de aprofundar os dois foi feito, e por isso nos alegramos com sua aliança, um servindo como porto-seguro para o outro em meio à loucura.


E haja loucura. A última cena, com os dois dando de cara com a deusa egípcia Tuéris (pelo menos, achamos que é ela) mistura de uma vez por todas os elementos sobrenaturais e psicológicos de Cavaleiro da Lua. A proposta de um episódio com dois Oscar Isaacs lidando com isso na próxima semana é simplesmente deliciosa.

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