Avatar: The Way of the Water é o filme que 2022 precisa

Avatar: The Way of the Water é o filme que 2022 precisa

Nunca duvide de James Cameron

Guilherme Jacobs
28 de abril de 2022 - 8 min leitura
Notícias

O mundo era diferente quando Avatar foi lançado em 2009. O universo cinematográfico da Marvel tinha um ano, Cavaleiro das Trevas era o centro das atenções e Star Wars estava dormente. Por isso, o ceticismo em volta de sua continuação, Avatar: The Way of the Water, que após diversos adiamentos estreia em dezembro de 2022, é compreensível. Mas deixe de lado seu preconceito e olhe para onde o cinema e nossa cultura estão, e será difícil não ver o retorno de James Cameron como uma das melhores notícias do entretenimento atual.


Na década e meia entre nossa primeira visita à Pandora e o presente, a indústria se tornou cada vez mais voltada para franquias, derivados e adaptações. Brinquedos, videogames, quadrinhos e até emojis foram transformados em blockbusters genéricos, esquecíveis e pouco relevantes. Chegamos ao ponto de ter filmes de sagas famosas apontando, em suas terceiras continuações, o quão repetitivo e medroso o cinema moderno se tornou, criticando sua própria existência enquanto tenta justificá-la (e em alguns casos, fazendo isso com louvor). Histórias originais foram deixadas para trás.


Isso pode não parecer um argumento a favor do segundo Avatar, mas me escute. Quando foi a última vez que um blockbuster original foi lançado e se tornou parte do cânone da cultura pop? Claro, há coisas menores como Entre Facas e Segredos que excedem expectativas, além dos sucessos da Pixar, e talvez, se você se esforçar muito, vai encontrar uma resposta na televisão (Stranger Things?). Mas é isso. Esse esforço já diz tudo. Antes, não era tão difícil assim. Depois de Matrix em 1999, deixamos de receber o tipo de obra que, agora, é matéria prima de remakes e reboots. Não há novos Star Wars, Predador, De Volta Para o Futuro, Caça-Fantasmas, Indiana Jones ou Exterminador do Futuro. Estes exemplos, aliás, jamais seriam feitos hoje. Mas então, o homem responsável por convencer a Fox a fazer uma continuação de Alien simplesmente colocando um S depois do título e depois o transformando num cifrão (Alien$), lançou Avatar. 10 anos depois de Neo, os Na'vi viraram a mais nova adição ao zeitgeist dos filmes de pipocão.


The Way of the Water pode ser uma continuação, mas não há ligação com o próximo livro de uma saga ou o arco seguinte dos quadrinhos. Tudo nesse filme existe simplesmente por causa do próprio filme. A maior parte das obras da Marvel ou DC se firmam na necessidade do reconhecimento, geram emoção através do fanservice e buscam entregar para a audiência algo esperado. A beleza de coisas como Avatar, Matrix e Star Wars se encontra justamente na liberdade para criar o novo. Não há expectativas para cumprir. Cameron está livre para aprofundar sua mitologia, para nos mostrar novos mundos, personagens e narrativas. Ele não precisa trazer de volta aquele coadjuvante antigo, fazer uma conexão forçada com seu universo compartilhado ou gastar tempo de seu terceiro ato preparando um spinoff. Ele só precisa enriquecer o quadro de Pandora com mais ideias.


Eu sei. Eu entendo. Avatar encantou audiências, mas não é exatamente memorável. Sua história é simples, o nome de seus personagens já foram esquecidos, e 3D não é mais uma novidade interessante. A defesa feita acima é muito mais sobre o que The Way of the Water representa, do que o que ele é. Mas aqui, precisamos respeitar o currículo e histórico de um dos maiores mestres do cinema moderno.


Avatar foi o único filme de Cameron no século 21, então seu status como rei do blockbuster (algo, até 1997, só disputado por ele e Steven Spielberg) se foi num mar povoado por Christopher Nolan, Matt Reeves, Irmãos Russo e, agora, Denis Villeneuve. Todos são ótimos diretores, excelentes até. Mas nenhum deles foi capaz de lançar franquias totalmente originais como Cameron fez (duas vezes - Exterminador do Futuro e Avatar), ou transformá-las em seus segundos filmes (de novo, duas vezes - Aliens: O Resgate e Exterminador do Futuro 2). Aliás, Cameron tende a entregar seu melhor trabalho nessas continuações, depois que a introdução à mitologia e personagens aconteceu num filme inicial, quando ele está livre para só contar histórias e mudar as peças do tabuleiro. Este é o mesmo cineasta responsável pelos Colonial Marines e T1000.


Talvez nada em Avatar: The Way of the Water seja memorável como as criações citadas acima. Talvez dizer isso tudo signifique muito pouco para quem só quer saber de multiversos e variantes, para quem se empolga apenas quando um personagem conhecido aparece inesperadamente, mas saia das replies do Twitter e procure as pessoas que não conhecem quadrinhos, games e livros, mas apenas gostam de ir ao cinema se divertir. Avatar tem sido, constantemente, um dos assuntos mais buscados e acessados no Chippu, mas nem sempre por conta do interesse do fã de Marvel ou DC. Claro, os relançamentos inflaram a bilheteria, mas US$ 2.8 bilhões não acontece por acidente. Cameron, num lançamento, alcançou o que Kevin Feige precisou de 10 anos para fazer. Há pessoas, mais do que pensamos, que nas próximas semanas descobriram a existência de Avatar 2, verão seu trailer e comparecerão, sem falta, em dezembro.


Muitas dessas pessoas, aliás, estão só agora voltando ao cinema. Homem-Aranha à parte, nenhum blockbuster de 2020 pra cá superou US$ 1 bilhão. Os números estão crescendo, claro. Com o avanço da vacinação e liberação de máscaras, as saídas casuais e programações fora de casa estão aumentando. Ainda há trabalho pela frente e o vírus da COVID não desapareceu, mas há progresso. Donos de cinema, fãs e estúdios ansiosamente aguardam o próximo grande hit, o primeiro lançado em condições que lembram mais a saudosa normalidade pré-pandemia. Existe ambiente melhor para o retorno de James Cameron, comandando todo o exército da Disney?


Eu não apostaria contra ele.

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