Brutal. Essa foi a palavra mais frequente em minha mente assistindo a "Narkina 5", o oitavo episódio de Andor. Uma das principais propostas da série de Star Wars criada por Tony Gilroy tem sido encarar as consequências de ter um Império com o peso que isso significaria para uma galáxia. Isso significou, até aqui, um tratamento cuidadoso e aprofundado de personagens e temas, assim como uma abordagem realista do quão difícil é começar uma rebelião nessas circunstâncias. Mas agora, chegou a hora de ver o poder do autoritarismo.

Vemos isso principalmente através da sentença de seis anos aplicada a Cassian (Diego Luna). Sob o nome Keef Girgo, ele é condenado a trabalhar na linha de produção do Império em uma prisão de segurança máxima no planeta Narkina 5, onde vai, literalmente, ser apenas uma engrenagem na construção de peças e equipamentos para naves, armas e outras tecnologias. O temor da situação é palpável no rosto de Luna, que interpreta Cassian como um homem desesperado e sem respostas durante a primeira metade do episódio, enquanto ele descobre seu lugar como um de sete homens numa das sete mesas numa das sete salas num dos sete andares da prisão. Sim, é um buraco sem fim. A sequência serve para o roteiro Beau Willimon pontuar, sublinhar e deixar em itálico a forma como o governo de Palptine vê o povo. Colocando uma mesa contra a outra, e uma sala contra a outra, e punindo os perdedores com choques letais, os guardas criam uma atmosfera de competição, incentivando apenas a eficiência através do medo e repetição.

O sempre bem-vindo Andy Serkis interpreta Kino Loy, gerente da sala onde Cassian trabalha, e reforça essa corrupção da alma ao se revelar totalmente desinteressado em qualquer coisa que não seja o sucesso do seu grupo. Alguém morreu? Paciência. Alguém parou pra respirar? Vai levar bronca. A presença de Loy é tão absoluta que torna desnecessária a de um oficial imperial para manter os prisioneiros em linha. Eles mesmos resolvem. Toby Haynes é excelente em capturar, na sua direção, o labirinto de opressão construído no design de produção fundamental de Luke Hull. Dentro dessa máquina, Cassian, eventualmente, quebra, e Luna altera sua atuação para a reta final, assumindo uma postura robótica e apática. Um homem sem espírito. Aqui, Narkina 5 é simultaneamente uma cadeia, um comentário sobre o industrialismo desenfreado, e um exemplo essencial do perigo de um comando fascista capaz de operar sem limites visando apenas a perpetuação de seu próprio controle.

Tentando colocar esses limites está Mon Mothma (Genevieve O'Reilly), cujos esforços para usar o dinheiro de sua família estão sendo dificultados por novas normas imperiais que dão poder aos bancos. Num jantar com convidados da alta Coruscant, que discutem sobre Palpatine muito como nós falamos sobre certos presidentes, ela navega uma situação quase tão incorrigível quanto a de Cassian, cujo cárcere foi facilitado por outra lei; Uma que permite ao Império alterar as sentenças de prisioneiros como bem entender. Ambos heróis estão enfrentando inimigos armados com legislações.

Sem o dinheiro de Mon Mothma, Luthen (Stellan Skarsgard) depende apenas dos créditos roubados em Aldhani, e sua situação ainda é boa quando comparada a outras células rebeldes. Neste episódio, vemos a estreia de uma das figuras mais importantes dos primeiros anos da rebelião em Andor. Saw Gerrera (Forest Whitaker) aparece, escondido num planeta de cavernas, e recusando as tentativas de Luthen de garantir cooperação. Seus métodos, como vimos em Rogue One, são mais extremistas.

Seu discurso, criticando estratégias diferentes e mostrando como a "aliança" rebelde é tudo menos isso, é duro para Luthen, mas no contexto de "Narkina 5", parece cada vez mais necessário. Suas ações são questionáveis, mas é difícil tirar o crédito de sua visão quando levamos em consideração os acontecimentos do capítulo, e a força imperdoável de figuras imperiais como Dedra Meero (Denise Gough). Whitaker é instantaneamente memorável, como de costume, e Andor não trata sua entrada como easter egg, mas sim como um próximo passo no crescimento dos riscos. O tabuleiro fica cada vez maior.

Isso deixa menos espaço para peças como Bix (Arja Ardona) e Marva (Fiona Shaw), ainda sofrendo em Ferrix por conta da ocupação agora liderada pela determinadíssima Dedra. Se ela não tem misericórdia para o aspirante apaixonado Syril (Kyle Soller), imagine para os locais ainda tentando resistir. Também no planeta estão Vel (Faye Marsay) e Cinta (Varada Sethu), e a segunda, cujo foco na causa rivaliza o de Dedra e Syril para o lado inimigo, fica no planeta para continuar investigando o paradeiro de Cassian e encontrá-lo (para matá-lo).

Andor termina seu oitavo episódio, então, desfazendo todo o sentimento positivo construindo desde o roubo em Aldahni. A maior chance de fuga para Cassian, agora, é alguém cuja missão é calá-lo a qualquer custo, e os rebeldes estão espalhados, sem dinheiro e sem união. Esse é "O Império Contra-Ataca" da série. Agora, eles precisam de Uma Nova Esperança.