Amor, Sublime Amor - Crítica do Chippu

Amor, Sublime Amor - Crítica do Chippu

A versão de Spielberg tem grande potencial de virar um clássico para as novas gerações!

Camila Ferreira
15 de dezembro de 2021 - 6 min leitura
Notícias

Amor, Sublime Amor tinha previsão de lançamento para 2020, mas por conta da pandemia foi adiado por um ano. O mundo demorou, então, mais um ano para conhecer a próxima revelação de Hollywood: Rachel Zegler. A jovem atriz conseguiu não apenas levar para frente o legado de Natalie Wood como María, como também foi além do esperado com seus carismas e talentos de sobra.


Para os que não estão familiarizados com a história, Amor, Sublime Amor é uma espécie de Romeu e Julieta moderno. No lugar dos Capuletos e Montéquios estão as gangues do lado oeste de Nova York, Sharks e Jets, brigando por território. Mais a fundo, fica claro como isso não é apenas uma guerra territorial, e sim, dois grupos batalhando contra o preconceito.


O musical é baseado na peça de mesmo nome escrita por Stephen Sondheim nos anos 1950, aos 26 anos de idade. Em 1961, esta foi adaptada aos cinemas com direção de Jerome Robbins e Robert Wise. Apesar de guardar um carinho especial com o longa, admito o tanto de ignorância dele. Felizmente, a versão de Steven Spielberg sabe como denunciar o preconceito e abusos de uma forma perspicaz, com muita representatividade latina e negra, sem perder a essência da peça original de Sondheim.


Outro ponto positivo para esta obra de Spielberg é como ela acerta na representatividade e etnia dos personagens. David Alvarez, intérprete de Bernardo - o líder dos Sharks e irmão protetor de Maria - é um dos grandes destaques de atuação. Diferente da versão de 61, o personagem tem algumas motivações diferentes, um sonho, assim como milhares de imigrantes que vão para os Estados Unidos tentar uma vida melhor.


Na canção “America”, entendemos as suas frustrações. Por outro lado, a música mostra as motivações de sua namorada, Anita, interpretada pela brilhante Ariana DeBose. Ambos sonham em construir uma vida melhor juntos, mas os seus motivos finais são distintos. Anita quer virar uma estilista e formar uma família não está nos seus planos, pelo menos não como seu parceiro imagina. Entretanto, no fim das contas, os dois possuem uma grande conexão que não será quebrada tão fácil. Alvarez e DeBose são, junto com Zegler, os maiores destaques do filme.


Tony é o outro protagonista. O par romântico da jovem María é aqui interpretado por Ansel Elgort,. Pela primeira vez, é possível enxergar o ator além dos papéis adolescentes nos quais viveu em toda a sua carreira. Ele, porém, ainda é o que menos se destaca em todo o longa.


No grupo dos Jets, a gangue branca da história, o grande destaque é Riff. vivido por Mike Faist, e com uma nova perspectiva nessa versão. Ele não é apenas o líder do grupo e melhor amigo do Tony, mas também tem uma história própria, ainda com a essência de menino bagunceiro da versão original.


Felizmente, a direção dá um pouco mais de carinho para Anybodys, o personagem trans cujo sonho é entrar para a gangue dos Jets, mesmo sendo esnobado por todos. Por ser uma história do ano de 1957, seria um pouco complicado vermos personagens LGBTQIA+ quando pensamos na sociedade da época. Mas quando ele é abraçado pelo grupo, a história ganha uma narrativa inédita. Anybodys era considerado uma aberração por todos, apenas desejando ser aceito, e é realmente tocante ver os Jets o acolhendo.


O filme não apenas mostra o preconceito da sociedade com esses dois grupos, mas também, o preconceito entre eles. Na cena mais forte do longa, Anita é humilhada e estuprada pelos Jets, que fazem comentários sobre a cor da sua pele e imploram para que ela "volte para o lugar de que veio”. Valentina, personagem da incrível Rita Moreno, a grande idosa conselheira, luta na sequência contra a violência à mulher, denunciando aos abusadores o crime que eles cometeram. É uma cena forte, porém muito importante.


Um remake de Amor, Sublime Amor era necessário. O filme de 61 não envelheceu bem, usando até a técnica blackfishing, o ato de pintar o rosto para parecer negro, algo muito problemático e inaceitável atualmente. Spielberg soube perfeitamente como atualizar esse clássico para novas gerações, sem ofender nenhum grupo.


Recontar a história de María e Tony era um dos grandes sonhos do diretor, e relembrar, ou mesmo conhecer, a obra em seu olhar é uma experiência mágica, com um grande potencial para virar um novo clássico, deixando a antiga versão para as gerações passadas. Spielberg respeita a trama original, principalmente as canções do eterno Sondheim, - que faleceu algumas semanas antes do lançamento - e ainda consegue trazer uma modernidade para a obra.


Não lembro qual foi a última vez que me emocionei tanto no cinema. Amor, Sublime Amor me proporcionou muitos sentimentos, me fazendo apaixonar por todo aquele elenco, pelos grandes números musicais que não poderiam faltar, e pela delicadeza da atuação de Zegler.


Nota: 5/5



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