What If: Episódio 1 - Crítica do Chippu

What If: Episódio 1 - Crítica do Chippu

O que aconteceria se a Capitã Carter fosse a primeira Vingadora?

Guilherme Jacobs
11 de agosto de 2021 - 5 min leitura
Crítica

Este texto contém spoilers do primeiro episódio de What If...?.


De todas as séries da Marvel no Disney+ até aqui, talvez nenhuma tenha uma ideia tão boa quanto What If...? (a partir de agora, vou me referir à mesma apenas como What If, sem pontuações extras). O selo já é familiar para leitores de quadrinhos: e se ao invés de X, Y acontecesse? Imaginando realidades paralelas - tema que, como Loki já deixou claro, será importantíssimo para o MCU - vemos versões diferentes de personagens ou acontecimentos conhecidos. Para muitos, entretanto, essas estão sendo as primeiras experiências com multiverso. Talvez por isso este primeiro episódio tenha sido tão conservador.


Seu título diz tudo. "O Que Aconteceria Se... A Capitã Carter fosse a primeira Vingadora?" Através da narração do Vigia (Jeffrey Wright), vemos um mundo no qual Peggy Carter (Hayley Atwell), e não Steve Rogers, (aqui Josh Keaton ao invés de Chris Evans) recebe o soro do Super Soldado e se torna a heroína responsável por derrotar a Hydra durante a Segunda Guerra Mundial. Já sabemos que What If pretende explorar conceitos mais ousados como T'Challa liderando os Guardiões da Galáxia ou Os Vingadores Zumbis, mas a escolha de voltar para os anos 40 permite à série animada dar um pontapé inicial com uma narrativa perfeitamente compreensível e apta para deixar claro os temas da história.


A simplicidade da ideia é representada quando o Vigia aponta o momento em que o novo universo foi criado. Esta variação dos acontecimentos não começou quando Peggy saiu da capsula mais alta e forte, mas sim quando a Agente Carter decidiu não subir à sala de observação durante o experimento para transformaria Steve no Capitão América. Foi só isso. Uma simples resposta diferente coloca em andamento um desenrolar totalmente diferente da origem de herói mais importante do MCU. Steve é baleado, Peggy recebe o soro.


É preciso dar crédito para essa sacada. O roteiro de A.C. Bradley faz um excelente trabalho de nos colocar para dentro deste multiverso da loucura e este é, acima de tudo, um bom episódio introdutório, uma chance de darmos passos pequenos antes de correr para as ideias mais malucas nos próximos capítulos. Diversos momentos conhecidos são apresentados com mudanças. Peggy salva Bucky e os Howling Comandos assim como Steve fez (incluindo o enquadramento clássico dos soldados, visto acima), Bucky quase cai do trem, e o homem uma vez conhecido Capitão América diz à Capitã Carter que ela o deve uma dança antes do sacrifício que a afasta do amado por 70 anos.


São situações simples para fazer você dizer "ahá!", e acabam deixando a estrutura do episódio meio previsível, mas sua eficácia como uma apresentação do conceito de What If é inegável. As horas mais divertidas, porém, vêm quando Bradley e a direção de Bryan Andrews aproveitam com mais liberdade o formato narrativo (e a animação). A sequência mais marcante do episódio é quando Peggy detona um esquadrão de aviões nazistas enquanto surfa nas costas da gigante armadura Esmagadora de Hydra, um protótipo da Hulkbuster feito por Howard Stark (Dominic Cooper) para Steve. É uma situação nova, a primeira vez que vemos Carter e Rogers lutando lado a lado, e também é uma cena cuja natureza só é possível por ser algo animado.


É claro que já vimos a Marvel fazer as cenas de ação mais épicas possíveis, mas o efeito da animação traz um dinamismo e impacto diferente para What If. Seja com ondas de choque saindo dos socos de Carter ou a transformação dos personagens em silhuetas por conta do ângulo da luz, o melhor uso de animação vem quando ela permite a criação de algo impossível de replicar em live-action.


Mas assim como o roteiro poderia ter pirado mais, a linguagem animada de What If pode se soltar das amarras cinematográficas com mais ousadia. Ambos aspectos provavelmente se tornarão mais soltos com o andar desta primeira temporada, mas por hora serviram como uma boa introdução ao multiverso observado pelo Vigia.

Nota da Crítica
Guilherme Jacobs

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