
What If: Episódio 9 - Crítica do Chippu
E se o Vigia quebrasse seu juramento?

Crítica
Este post contém spoilers de "E se... o Vigia quebrasse seu juramento?", último episódio de What If...?
Há muitos buracos para se apontar no roteiro de "E se... o Vigia quebrasse seu juramento?", conclusão da primeira temporada de What If...?. Por que o Ultron não usa seus robôs na luta conta os Guardiões do Multiverso estabelecidos por Uatu (Jeffrey Wright)? Como suas Joias do Infinito funcionam em outros universos além do seu? Mas esses problemas não impedem este último episódio de ser um dos mais divertidos e empolgantes da série animada da Marvel até aqui, enquanto ainda reforçam sua necessidade de amadurecer para a eventual segunda temporada.
Continuando de onde paramos semana passada, o Vigia recruta diversos heróis vistos ao longo de What If até aqui; Capitã Carter (Hayley Atwell), T'Challa Senhor das Estrelas (Chadwick Boseman), Doutor Estranho Supremo (Benedict Cumberbatch), Thor Festeiro (Chris Hemsworth), Killmonger assassino (Michael B. Jordan) e à adição inédita de uma Gamora (Cynthia McWilliams) que, ao lado do Tony Stark de seu universo, derrotou Thanos e usa sua armadura. São esses os guerreiros escolhidos para derrotar este poderoso Ultron (Ross Marquand) cuja fome é capaz de destruir o multiverso por inteiro. De maneira interessante, a Wanda Zumbi também retorna para ajudar na luta.
Durante as rápidas introduções de cada um desses personagens, vemos pistas de como seus universos continuaram após os episódios nos quais os conhecemos - T'Challa derrotou Ego, Carter e Viúva viraram amigonas numa recriação de Capitão América 2 e o reinado deste Killmonger está prestes a chegar ao fim. É uma maneira divertida e econômica de retornar às narrativas da primeira temporada sem perder o caráter imaginativo de What If. A ideia de nos dar vislumbres destas realidades diferentes é muito mais eficaz do que simplesmente continuar suas histórias em episódios futuros, pois assim ainda conseguimos deixar a mente viajar pensando "e se...?". Por exemplo, se esta Peggy está basicamente assumindo o papel de Steve Rogers na Saga do Infinito, como será seu confronto com Tony Stark na Guerra Civil?* Mas falaremos mais sobre esta personagem em específico depois.
*Isso eu não sei se veremos, mas a única cena pós-créditos da temporada mostra Carter encontrando a armadura usada por Steve Rogers no seu universo e recebendo a notícia de que há alguém dentro dela. Acho que ela será a única personagem a continuar regularmente em What If. Quem sabe a veremos em Multiverso da Loucura também.
Uma vez juntos, esses guerreiros iniciam um plano para derrotar Ultron. A ideia é remover a Joia da Alma e destruir as remanescentes usando uma arma criada por Gamora para vencer Thanos. Nunca fica muito claro qual, exatamente, é a estratégia ou qual a intenção de adquirir a Joia da Alma especificamente, mas isso pouco importa. O divertido é ver, como nos filmes do MCU até aqui, como a mistura dos personagens permite uma série de momentos de ação, comédia e relacionamentos únicos e divertidos. As combinações de poderes, as piadas específicas e os momentos de genuína conexão, como quando Carter e Estranho conversam sobre as perdas sofridas pelo amor, são o tempero das produções da Marvel, e estão presentes aqui.
É um prazer, por exemplo, ver Carter e a Viúva Negra (Lake Bell) do episódio passado usando seus escudos e refletindo a amizade que têm em outra realidade durante a luta, ou quando Killmonger nota as diferenças filosóficas entre este T'Challa e o de seu mundo. Alguns personagens, como esta nova Gamora e o próprio Vigia, acabam ficando num papel secundário por consequência da quantidade de heróis em tela, mas o elenco como um todo funciona e deixa, pra variar, o gostinho de "quero mais" em nossas bocas, a vontade de ver este grupo unido novamente para vencer outra ameaça interdimensional.
Afinal, eles derrotam Ultron, usando não seu plano com as Joias mas o de Natasha com a inteligência artificial de Arnim Zola (Toby Jones) para dominar o robô. Mais uma vez, há problemas de lógica aqui. Como algo analógico dos anos 70 consegue superar uma criação da Joia da Mente? Durante o episódio, perguntas como essa ou as mencionadas no primeiro parágrafo vão cruzar sua mente, e revelam o maior problema de What If nesta primeira temporada; um roteiro mais preciso.
Seja nas regras mal explicadas do episódio do Doutor Estranho ou na falta de adversidade real para Killmonger em sua conquista, ou mesmo aqui nesta conclusão cósmica, o roteiro de What If parece cortar esquinas. Talvez seja o tempo curto do episódio. Talvez a liberdade criativa permita descuidos. Mas de qualquer forma, seria interessante ver um desenvolvimento mais cuidadoso das histórias na eventual segunda temporada.
O que, entretanto, não faltou e deve continuar, é a criatividade da equipe. Sim, tivemos adaptações de histórias dos quadrinhos como o Marvel Zumbis ou Fury's Big Week, mas os momentos mais interessantes de What If são a criação de suas próprias histórias. É sensacional, por exemplo, ver a Natasha sobrevivente sendo transportada para o episódio no qual Fury (Samuel L. Jackson) juntou o Capitão América e a Capitã Marvel para lutar contra Loki (Tom Hiddleston). Mais uma vez vem aquela sensação de querer ver o que aconteceria depois disso.
Mas o melhor para What If é deixar isso nas nossas imaginações, nos manter perguntando "e se...?" e, eventualmente, nos dando um vislumbre destes universos para saciar um pouco a curiosidade enquanto a série animada cumpre sua principal missão de apresentar mais e mais ideias alternativas, trazer mais e mais personagens para situações e parcerias inesperadas e, através dos olhos do Vigia, nos mostrar tudo.

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