WandaVision: Episódio 8 - Crítica do Chippu

WandaVision: Episódio 8 - Crítica do Chippu

Série tira as respostas fáceis e se prepara para o grande final

Guilherme Jacobs
26 de fevereiro de 2021 - 7 min leitura
Crítica

O texto a seguir contém spoilers do penúltimo episódio de WandaVision


"Nos Capítulos Anteriores", penúltimo episódio de WandaVision, muda um pouco as coisas. Não há abertura temática, não tem referências a séries antigas ou piadinhas metalinguísticas. Não há mais como mascarar a história, nem para Wanda Elizabeth Olsen) nem para nós. É hora de encarar a realidade. Para isso, ironicamente, a Marvel aplica um método antigo e conhecido da televisão - a pausa antes do finale.


É uma pausa cheia de exposição na forma de flashbacks, uma das consequências de fazer uma história focada em segredos. Eventualmente você precisa dar explicações, e é aqui que a maioria dessas narrativas tropeça. Dificilmente as revelações estarão à altura de tudo que imaginávamos. Além disso, as respostas mais simples podem causar um efeito reverso nas perguntas que tínhamos antes. "Todo aquele mistério... pra isso?"


Mas no caso de WandaVision, é na simplicidade das respostas que está o coração da história.


Depois de vermos o passado de Agatha Harkness (Kathryn Hahn) e descobrir que ela era parte de uma convenção de bruxas da qual foi banida por acessar alguma magia proibida - o que a levou a sugar a magia de suas companheiras e mãe (o que reforça a teoria de que ela quer absorver a magia de Wanda) - voltamos para Westview, no porão onde o último episódio terminou, e partimos com a heroína e vilã numa jornada pelo passado.


Começamos com a infância de Wanda e Pietro, confirmando a suspeita de que ela cresceu assistindo sitcoms americanas em meio à guerra de Sokovia e testemunhamos os acontecimentos mencionados pela personagem em Era de Ultron - a morte dos seus pais e a bomba defeituosa da Stark Industries que os deixou presos por dias. É ali que Agatha começa a expressar a suspeita de que, talvez, a irmã Maximoff tenha poderes antes mesmo de ter contato com a Joia da Mente.


Falando nisso, o segundo flashback é exatamente sobre o momento em que Wanda encontrou a Joia da Mente pela primeira vez em meio aos experimentos da Hydra. Na verdade, talvez o melhor seja dizer que a Joia foi até o encontro da sokoviana, e despertou nela um poder quase sem limites.


Então, na cena mais importante para o tema da série vemos um rápido encontro entre Wanda e Visão (Paul Bettany) no HQ dos Vingadores, depois da morte de Pietro, no qual os dois conversam sobre seus sentimentos e traumas. A inconsolável Maximoff aprende a ver a perda de maneira diferente quando o observa através da perspectiva do androide que nunca sequer teve alguém para perder. "O que é o luto, se não o amor que perdura?" ele declara na frase mais bela e profunda que WandaVision nos deu até aqui.


É um momento quieto, simples e emocional para os dois, é o tipo de cena que está lá para lembrar que o coração dessa série está numa pessoa que passou a vida perdendo seus amados precisando encarar essa realidade como nunca, pois não fazê-lo vai afetar outras pessoas. São, muitas vezes, as pequenas coisas que nos convencem a continuar investindo em personagens fictícios. Cenas como essas são essenciais, especialmente num episódio totalmente voltado para exposição.


E exposição é o foco da última cena de flashback, quando vemos Wanda indo até a base da SWORD e descobrimos que ela, na verdade, não roubou o cadáver do Visão, mas saiu de lá arrasada após ver seu marido em pedaços. Ela, depois, parte para Westview, para um terreno no qual ela e seu marido sonhavam em construir uma casa, uma vida, e envelhecerem juntos, e ali a tristeza transborda na forma de poder, criando o Hex e um novo Visão; O corpo original, então, ficou com a SWORD que o reconstruiu, deixou todo branco (uma referência aos quadrinhos, quando o personagem voltou à vida com visual monocromático... e sem emoções) e usou energia tirada do Hex para ligá-lo, construindo para si uma arma poderosa com a qual eles esperam derrotar Wanda.


Essa última cena mistura exposição com emoção e tira as respostas fáceis. Foi mesmo a Wanda que criou o Hex, ela que aprisionou os cidadãos de Westview numa realidade fantasiosa. Não foi o Mephisto que sussurrou em seu ouvido, Agatha Harkness só chegou lá depois, curiosa para descobrir mais sobre os poderes da protagonista. Foi puro luto, tristeza e frustração. Agora, Wanda tem que lidar com as consequências de suas ações e nós temos que lidar não com revelações de explodir a cabeça e sim com uma jornada emocional complexa.


Eu ainda acho que Mephisto será mencionado, que o último episódio tratará de multiversos, magias, Doutor Estranho, do Mercúrio (Evan Peters). Mas eu espero que nada disso seja usado como rota de fuga para Wanda. É muito mais interessante ver uma das figuras mais poderosas do MCU lidando com suas emoções do que explicar tudo de outra maneira. Especialmente quando descobrimos que Wanda é, segundo Agatha, a profetizada Feiticeira Escarlate, uma bruxa poderosíssima e capaz de criar mágicas que funcionam, como diz a vilã, no piloto automático. Qual será o legado da heroína com esse novo nome? Descobriremos semana que vem.

Nota da Crítica
Guilherme Jacobs

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