
WandaVision: Episódio 6 - Crítica do Chippu
Halloween numa cidade pequena. Algo tinha que dar errado.

Crítica
O texto a seguir contém spoilers do sexto episódio de WandaVision...
Halloween em uma cidade pequena onde as coisas não são bem o que parecem? Algo tinha que dar errado. Em seu sexto episódio, WandaVision inseriu uma enorme quantidade de ideias e preparou o terreno para o que deve ser um terceiro ato cheio de enfrentamentos em apenas 30 minutos, o que realçou e reforçou tanto as qualidades quanto os problemas da série da Marvel no Disney+.
O episódio inteiro se passa no Halloween em Westview. Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany), como vimos nos trailers, estão usando fantasias que referenciam seus uniformes clássicos dos quadrinhos (o mesmo acontece com os filhos, Tommy e Billy, lembrando Wiccano e Celere das HQs) e a cidade toda está nas ruas. Mas apesar das roupas escandalosas, o centro das atenções continua sendo o novo Pietro (Evan Peters), que apareceu na conclusão do último capítulo e aqui segue como uma espécie de tio legal, mas que não parece ser a melhor das influências.
Peters faz um bom trabalho no papel. É impossível desassociá-lo do seu trabalho com o personagem nos filmes dos X-Men, e alguns dos truques aqui são os mesmos - atitude desleixada e um bom timing de humor. Entretanto, fica sempre a impressão de que algo está errado com ele. Wanda o questiona sobre seu passado diversas vezes e, quando recebe respostas, elas não parecem deixar a situação muito clara. Este novo Pietro - que tem muuuuito mais personalidade do que a versão de Aaron Taylor-Johnson - está claramente além do controle dela, mas diz que foi ela que o chamou e o deu uma nova face, e ao longo desta meia hora, ele faz referências à pesadelos, demônios e inferno algumas vezes. Mephisto? Pesadelo? O Mercúrio, ele não é.
Seja lá quem ele for, é seguro apostar de que ele está, de alguma maneira, envolvido com a criação de Westview e com as ações de Wanda. Pelo menos, Monica Rambeau (Teyonah Parris), Jimmy Woo (Randall Park) e Darcy Lewis (Kat Dennings) estão certos disso. O trio segue sendo a voz mais racional dentro da SWORD, questionando os métodos mais violentos do comandante Hayward (Josh Stamberg) e suas motivações. Eventualmente, os três precisam atacar agentes e fugir para continuar sua investigação, mas nesse processo vemos que Rambeau realmente está sendo alterada num nível molecular, abrindo mais espaço para a teoria de que ela vai ganhar poderes. O núcleo dos três neste episódio parece estar totalmente dedicado a exposição e easter eggs, o que o torna um pouco mais dispensável. Espero ver Rambeau e Woo mais ativos como personagens na próxima semana. Infelizmente não poderemos dizer o mesmo sobre Darcy (mais sobre isso já já).
Enquanto buscamos por respostas aqui, o Visão faz isso dentro de Westview, indo até os limites da cidade e percebendo que as coisas ficam mais estranhas conforme ele se distancia do centro. Primeiro, as pessoas estão presas em loops de movimentos (tirando e botando a roupa do varal), e eventualmente estão completamente imóveis. Como se fossem os extras mais irrelevantes da TV.
É bom ver o Visão cada vez mais ativo na busca por verdades. O personagem já viu mais do que o suficiente para suspeitar de Wanda e de Westview, e conhecendo sua natureza idônea e íntegra (lembrem que ele levantou o Mjolnir muito antes do Capitão), não seria aceitável que ele se mantivesse imóvel diante dos últimos acontecimentos. Eventualmente, o androide chega à barreira que separa Westview do mundo e tenta forçar sua saída. O que se segue é uma das cenas mais assustadoras e bem produzidas da série até aqui, com o herói literalmente sendo puxado de volta pela barreira pedaço por pedaço enquanto se esforça para pedir ajuda dos agentes da SWORD.
É o ápice dramático do episódio, e acontece enquanto os gêmeos Tommy e Billy desenvolvem poderes - supervelocidade e telepatia, assim como Celere e Wiccano nas HQs - o que os faz notar que algo está errado. Eles alertam a mãe, e apesar dos esforços de Pietro para pará-la - o que resulta na irmã o atacando - a Feiticeira Escarlate faz a maior demonstração de poder até aqui e expande o domo, impedindo que o Visão seja desmontado e absorvendo para a bolha Darcy e 90% dos agentes da SWORD, que terminam virando um circo nos limites da cidade.
Essa última cena se desenrola rapidamente e é cheia de cortes, encerrando num momento que mais parece ser o meio de um acontecimento do que num ponto final. Suspeito que esse foi um dos capítulos que sofreu pela decisão da Marvel de transformar WandaVision numa série de seis episódios maiores para nove menores. Esses problemas de ritmo têm sido uma falta recorrente e podem ficar mais problemáticos conforme nos aproximamos dos momentos mais importantes da história.
Mas como um todo, o sexto episódio foi uma bela adição à primeira (e provavelmente única) temporada de WandaVision, avançando a narrativa em várias frentes e aprofundando um pouco mais os personagens principais. Resta saber, agora, como será o último terço do seriado.

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