The Mandalorian: The Rescue - Crítica do Chippu

The Mandalorian: The Rescue - Crítica do Chippu

A segunda temporada da série termina com um episódio inesquecível.

Guilherme Jacobs
18 de dezembro de 2020 - 7 min leitura
Crítica

Esse texto contém spoilers de The Mandalorian.



Star Wars nem sempre é bom. Pra cada O Império Contra-Ataca e Os Últimos Jedi, tem sempre um Ataque dos Clones ou Ascensão Skywalker. Essa é uma saga irregular em muitos sentidos. Mas como, então, ela consegue ser tão grande, atrair tantos fãs e gerar tanto amor? A razão é que quando Star Wars é bom, poucos universos da cultura pop são tão bons quanto. E é isso que nos leva à The Rescue, o último episódio da nova temporada de The Mandalorian.


Essa temporada já teve inúmeros pontos altos. A aparição dos mandalorianos liderados por Bo-Katan (Katee Sackhoff), a chegada de Ahsoka Tanto (Rosario Dawson) realizando o sonho de muitos fãs das animações e o retorno triunfal de Boba Fett (Temuera Morrison), que fez jus à popularidade que ganhou, inicialmente apenas com seu visual, mostrando ser um personagem extremamente letal e perigoso. Mas nada se compara ao que The Rescue nos deu, afinal de contas não é sempre que o personagem mais importante da saga inteira aparece.


Mas vamos por parte. The Rescue não demora muito para colocar nossos heróis em posição de atacar a nave de Moff Gideon (Giancarlo Esposito) e iniciar a missão de recuperar Grogu. Rapidamente a equipe - Mando (Pedro Pascal), Cara Dune (Gina Carano), Boba Fett (Temuera Morrison) e Fennec Shand (Ming-na Wen) captura o cientista imperial que estava examinando o Baby Yoda. Essa é uma das poucas cenas que não funciona no episódio, já que o cientista decide dar muito mais informações sobre a nave imperial do que o grupo pediu sem nenhuma razão aparente.


Após se reunir com Bo-Katan o ataque começa e chegamos ao núcleo do episódio, que mistura os conflitos internos dos mandalorianos com a luta contra Moff Gideon através de ótimas cenas de ação, culminando com o grande combate entre Mando e sua lança de Beskar contra o Dark Saber. São momentos empolgantes e bem dirigidos por Peyton Reed, dando a cada personagem uma personalidade inclusive no estilo de luta e colocando todas as armas e equipamentos que se destacaram na série até hoje em foco.


Depois disso, descobrimos que Mando se tornou o dono por direito do Dark Saber, já que derrotou Gideon em combate, e isso o coloca em conflito com Bo-Katan. Antes mesmo que o drama entre os dois possa se intensificar (isso claramente será a linha narrativa principal da terceira temporada) os Dark Troopers de Gideon retornam e nossos heróis estão em perigo.


E então acontece.


Primeiro é uma X-Wing chegando. Depois um Jedi visto nas câmeras preto-e-branco da nave. Quando a luva e o sabre verde aparecem, está mais do que claro. Luke Skywalker foi o Jedi que Grogu conseguiu contatar em The Tragedy. E no momento de maior empolgação da série até aqui, o personagem de Mark Hamill - recriado em sua juventude de maneira digital - entra em ação na sua maior aparição em Star Wars fora dos filmes principais da saga, destruindo os Dark Troopers como se fossem apenas pedaços de sucata.


A aparição de Luke faz duas coisas. Primeiro, dá ao personagem o tipo de cena de ação que sempre sonhamos em ver, semelhantemente ao que Rogue One faz com Darth Vader (não é a toa que ambas cenas são tão semelhantes). Os três primeiros filmes de Star Wars são incríveis, mas as coreografias de ação nunca foram as melhores, então é ótimo poder ver Luke usando os poderes da Força e batalhando com toda a habilidade que sempre soubemos e imaginamos que ele tinha. Além disso, a cena é uma assinatura da Lucasfilm no anúncio de que The Mandalorian é oficialmente o coração da franquia. Nenhum personagem - nem mesmo R2-D2, que faz uma pontinha no fim - é grande demais para essa série agora. Ela é o principal produto de Star Wars. Essa cena é tão eficaz que o CG estranho para recriar Hamill jovem não é suficiente para nos tirar da empolgação.


Para concluir, há o momento mais emocionante de The Mandalorian, quando Mando se despede de Grogu, que vai treinar com Luke. Din Djarin já tirou o capacete na série antes, mas sempre porque foi forçado. Aqui ele tira na frente de muitas pessoas, inclusive desconhecidos, para que o Baby Yoda veja e toque em sua face. É uma declaração do personagem que reforça o que ficou claro semana passada; suas prioridades agora são outras e seu relacionamento com Grogu vem antes do legalismo mandaloriano. Assim, além de concluir o arco de encontrar um Jedi para cuidar da criança, a série fechou com maestria o arco de crescimento do seu protagonista.


E como em tudo, Dave Filoni, Jon Favreau e seu time fizeram do jeito certo. Fanservice que acontece pelas razões corretas (desenvolvimento narrativo e não para esconder falhas), aprofundamento das relações e personagens, cenas de ação empolgantes e ligações fascinantes com filmes e animações de Star Wars. The Mandalorian entregou tudo na segunda temporada, fez muito em poucos episódios, e fez com excelência. Eles fazem parecer fácil.


Especulação da semana: A cena pós-créditos mostra Boba Fett tomando o lugar de Jaba e o anúncio que o personagem vai ganhar uma série em 2021. O que vocês esperam ver nela?

Nota da Crítica
Guilherme Jacobs

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