The Mandalorian: The Jedi - Crítica do Chippu

The Mandalorian: The Jedi - Crítica do Chippu

O melhor episódio da série de Star Wars aqui entrega tudo e muito mais.

Guilherme Jacobs
27 de novembro de 2020 - 7 min leitura
Crítica

Toda semana, o Chippu vai publicar uma crítica e recap do episódio novo de The Mandalorian. Por se tratar de um texto que vai recapitular o episódio além de analisá-lo, teremos spoilers.


Dave Filoni sabe o que faz. O diretor criativo de Star Wars: The Clone Wars e Star Wars Rebels já ficou conhecido como uma das pessoas que mais compreende este universo, seus personagens e como usá-los em obras de maneira que agrade aos fãs sem se render a eles (como um certo Episódio IX fez). Desde que The Mandalorian deixou claro que Ahsoka Tano estava a caminho da série, havia uma contagem regressiva para ver o que Filoni, criador da ex-padawan de Anakin Skywalker, faria com ela. E uma vez que ficou claro que ele dirigira o episódio dessa semana, a expectativa aumentou.


E, com menos de um minuto de episódio, Filoni entregou. Com seus dois Sabres de Luz brancos - um deles curto, claro - Ahsoka Tano entrou em cena triunfantemente interpretada por Rosario Dawson. Eu imagino que pra muitos a sensação será de ver um cosplay. É o custo de trazer personagens de animações para o mundo live-action. Mas é difícil não se empolgar vendo ela aterrorizando os vilões que ocupam o planeta Corvus com toda sua velocidade e precisão.


É a primeira vez que vemos um Jedi (tecnicamente ex-Jedi) que sabe como usar plenamente a Força em ação, e The Mandalorian sabiamente mostra como ela se destaca de todos os outros guerreiros da série até aqui. Em poucas palavras, ela é capaz de tocar o terror como ninguém. O enquadramento das cenas de ação, a maneira como a fotografia esconde Ahsoka com as sombras e o contraste que a luz branca de suas armas causa no ambiente criam cenas verdadeiramente lindas. Não é exagero dizer que esse é o episódio mais visualmente impressionante até aqui, em grande parte pelo design de produção e estilo de direção de Filoni que evocam as características dos filmes clássicos de samurai, particularmente de Akira Kurosawa. Nada mais justo, afinal eles serviram como inspiração original para George Lucas criar Star Wars.


No episódio, o Mandaloriano se junta à Ahsoka para libertar uma vila que está sendo explorada por um grupo de vilões cujo mestre misterioso é do interesse de Ahsoka. Toda a estética da vila, a escolha dos atores e até mesmo o enquadramento de diversas cenas avoca os clássicos de Kurosawa, como Sete Samurai e Trono Manchado de Sangue. Até o duelo final, com o respeito de um combatente pelo outro e o posicionamento em linha reta, são marcas registradas do gênero. Mais curioso ainda é a presença do Mandaloriano, um cowboy no meio dos samurai. Os grandes filmes de velho-oeste norte-americanos se inspiraram totalmente em longas de samurai japoneses. Aqui, todas essas culturas se misutram.


E Ahsoka serve, acima de tudo, para avançar a história. Ela não é simplesmente um presentinho para fãs, mas a responsável por desenvolver mais a fundo o mundo de Star Wars na série e aprofundar o conhecimento do protagonista Din Djarin sobre os Jedi e, claro, sobre o Baby Yoda. Uma vez que Ahsoka revela mais sobre a criança, ficou claro porque Filoni a escolheu para esse momento.


Descobrimos que o Baby Yoda tem um nome - Grogu - e que ele foi treinado por "vários mestres" no templo Jedi de Coruscant antes do surgimento do Império, quando alguém o levou de lá e o escondeu para sua segurança. Depois disso, o personagem passou por momentos sombrios e criou um medo de usar a Força. Para ele, esconder os poderes é uma técnica de sobrevivência. Além deste temor, ele tem um verdadeiro laço com Din, ao ponto de Ahsoka dizer que o bebê o considera como um pai. É por isso que Ahsoka recusa treiná-lo. Ela já viu o que acontece com um ótimo Jedi quando medo e emoções tomam conta da sua mente, afinal de contas Anakin Skywalker era seu mestre.


É nesse momento que a presença de Ahsoka é justificada. Ninguém além dela e Obi-Wan Kenobi tem tanta consciência de como a Força pode se tonar algo destrutivo quando alguém é tomado pelo medo, ou seja, ninguém sabe o quanto Grogu pode ser influenciado como eles. Ahsoka encaminha o Mandaloriano para o planeta Tython - um local de extrema conexão com a Força no universo expandido antigo, resgato para a série por Favreau e Filoni - em busca de um templo Jedi onde a a criança será testada e a busca por mais Jedi vai continuar.


Não há muitos Jedi sobrando por aí. Além de Ahsoka (que não nega ser Jedi em nenhum momento na história, talvez indicando um retorno?) temos Luke e Ezra, de Star Wars Rebels. Digo Ezra porque no final do episodio descobrimos que quem encaminhou o cerco da vila de Corvus foi o almirante Thawn, o grande vilão da animação. Ezra e Thrawn desapareceram juntos, e se um está vivo, o outro também deve estar. Com este, seu melhor episódio até aqui, The Mandalorian está começando a revelar seu jogo a longo prazo.


Especulação da semana: Quem será o Jedi que vai sentir Grogu no templo de Tython? Luke está treinando uma nova geração nesse momento, então se encaixaria perfeitamente. Mas será que a série tem o cachê pra trazer o personagem mais importante da saga?

Nota da Crítica
Guilherme Jacobs

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