Rainha Charlotte é o maior acerto do universo Bridgerton até hoje - Crítica do Chippu

Rainha Charlotte é o maior acerto do universo Bridgerton até hoje - Crítica do Chippu

A nova série spin-off de Bridgerton chegou nesta quinta-feira (4) à Netflix

Bruna Nobrega
4 de maio de 2023 - 4 min leitura
Crítica

Quando foi anunciado, o spin-off de Bridgerton sobre a história da Rainha Charlotte não parecia a melhor ideia. Afinal, o que poderia atrair o público numa história sobre a rainha mal-humorada de uma série de romance sobre jovens atraentes com hormônios à flor da pele?

Mas quando Shonda Rhimes (de Grey’s Anatomy e Scandal) decide se envolver completamente em um projeto (ela é criadora, showrunner e produtora executiva) é porque sabe muito bem o que está fazendo.

Após uma maratona de seis episódios da minissérie da Netflix em um único dia, é possível dizer que Rainha Charlotte é o maior acerto do universo Bridgerton até agora. Em pouco mais de seis horas, a produção entrega romance, referências históricas, drama e questionamentos importantes sobre machismo e racismo na sociedade da época.

Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton conta a história de como a monarca (vivida por India Amarteifio na juventude, e Golda Rosheuvel na versão mais velha) entrou em um casamento arranjado com o rei George (Corey Mylchreest/James Fleet) e acabou se apaixonando. Ao mesmo tempo que é uma grande história de amor, a série também destaca como o matrimônio, que fez uma mulher negra se tornar rainha, foi decisivo para alterar a sociedade britânica do século 18 e 19 no chamado “Grande Experimento”.

Além da juventude, também acompanhamos a vida presente de Charlotte (exibida superficialmente nas duas primeiras temporadas de Bridgerton) em sua saga para conseguir um neto herdeiro –algo que nenhum dos 15 filhos ainda proporcionou. E é um grande mérito de Rhimes ter encontrado duas histórias em tempos diferentes que, aos poucos, se mostram diretamente ligadas, uma como consequência da outra.

Essas conexões entre passado e presente continuam nas histórias coadjuvantes, especialmente da personagens que já conhecemos como Lady Agatha Danbury (Arsema Thomas/Adjoa Andoh), uma das melhores amigas da rainha, e de Violet (Connie Jenkins-Greig/Ruth Gemmell), a mãe dos Bridgerton da série original.

No presente, as duas formam uma amizade inesperada e real ao desabafarem sobre seus desejos suprimidos enquanto mulheres viúvas na Inglaterra do começo do século 19 e relembrarem momentos compartilhados do passado, que são ligados a muitos traumas no caso de Agatha.



Com detalhes às vezes realistas até demais (com várias cenas de abuso sexual, por exemplo), Shonda Rhimes mostra que, enquanto Charlotte está vivendo uma espécie de “sonho” (“Os muros do palácio são altos demais”, como a série descreve), ainda havia muitas pessoas como Danbury, que precisavam aturar maridos bem mais velhos que a tratavam como um objeto de sua propriedade. Arsema Thomas faz um trabalho espetacular como essa jovem que precisou lutar para sobreviver a vida inteira, especialmente enquanto mulher negra.

Até mesmo na figura da autoritária Princesa Augusta (Michelle Fairley), a mãe de George, a série mostra que as mulheres eram dependentes da vontade de homens à sua volta. É um cenário importante, apesar de frustrante, por contrastar com o mundo tão idealizado criado nas duas primeiras temporadas de Bridgerton.

Daria para continuar falando sobre os pontos positivos de Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton de muitas formas diferentes –o destaque para personagens coadjuvantes com profundidade (menção extra para os mordomos reais, Brimsley e Reynolds), a química entre os atores, a escolha de elenco jovem e adulto que combina com perfeição, a trilha sonora com versões orquestradas impecáveis de Beyoncé a Whitney Houston–, mas, resumindo, Shonda Rhimes conseguiu pegar o que já funcionava na série original e melhorar. Pena que é só uma minissérie.

5/5

Nota da Crítica
Bruna Nobrega

0h 0min
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