O Dublê é divertida comédia sobre antigas fantasias do cinema

O Dublê é divertida comédia sobre antigas fantasias do cinema

Ryan Gosling brilha em aventura que lembra clássicos de outra época de Hollywood

Thiago Romariz
10 de abril de 2024 - 3 min leitura
Crítica

Em uma era onde os filmes de herói saem do seu apogeu e começam a enfrentar uma crise de identidade e resultados, é natural que Hollywood procure dentro dos próprios corredores histórias que possam trazer mais otimismo. E como não podia ser diferente, as opções ficam entre reviver franquias, ou como em O Dublê, contar casos próprios.

Estes acendem uma chama de auto importância para a indústria, renovando as esperanças para tempos melhores. A nova comédia de ação do diretor David Leitch é uma mescla destas duas receitas; uma prova de como o cinema americano busca reafirmação nas tramas mais simples e escapistas.

Baseado na série clássica Duro na Queda, o longa mostra o dublê de um astro de Hollywood se envolvendo numa trama com assassinos, polícia e uma dose de mistério em paralelo à crise no seu relacionamento com uma diretora de cinema. Ryan Gosling vive Colt, o protagonista, e comanda cada segmento dessa amálgama do roteiro, que divide bem o tempo de tela entre a comédia do casal, as cenas de ação mirabolantes e os comentários perspicazes sobre o atual momento do cinema — não podia ser diferente, pois cada vez mais vemos computadores substituindo humanos seja na escrita, na criação ou mesmo no trabalho de dublês, com efeitos visuais.

A forma como se discute esse tema é o grande acerto de O Dublê. Não há o peso do dever, da obrigação em debater um grande questionamento. A proposta é mostrar, em tela, quão importante é ter pessoas que sintam, vivam e se orgulhem da arte que fazem. Leitch entende isso muito bem e enquanto dá espaço para inúmeros dublês terem seu momento de glória, ele despeja frases e referências a clássicos de uma era em que Hollywood escapava de questões políticas mais literais e se bastava com o escapismo puro do jeito americano de viver; consumo, sonhos, amores impossíveis, ação de mentira e piadas no limiar do aceitável.

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Passear neste complexo terreno moderado, cada vez menos aceito na era de redes sociais, poderia fazer deste um filme indiferente. Mas o bom humor e o amor com que O Dublê expõe os bastidores do cinema, e até seus problemas, torna tudo agradável de se acompanhar - mais ainda ao lado de Gosling e Emily Blunt, ambos brilhantes.

O Dublê, no fim, se torna uma fantasia baseada na vida real. Se despindo de elementos sobrenaturais como magia ou alienígenas, claro, mas levando a audiência para uma época onde acreditar em mentiras sinceras, como heróis humanos e romances melosos, eram o real motor de grandes aventuras.

Crítica escrita após exibição do filme na CinemaCon. O Dublê estreia em 2 de maio nos cinemas brasileiros.

Nota da Crítica
EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
Thiago Romariz

O Dublê

Ação
Comédia
1h 54min | 2024
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