
Mundo Estranho é mais uma animação da Disney sobre a importância da família - Crítica do Chippu
A Disney recicla mais uma vez a história sobre uma família em apuros

Crítica
Algo muito presente nas animações modernas da Disney são aqueles personagens que se assemelham às pessoas reais, aqueles presentes no seu cotidiano, do seu grupo de amigos e até mesmo da sua família. As relações entre irmãos e pais são confrontadas nesses filmes de forma bonita e com aquela mensagem de esperança e companheirismo. Com Mundo Estranho, nova produção do estúdio, a fórmula continua a mesma.
Não me leve a mal, essas histórias me emocionam desde criança. A cada ano, os traços das animações ficam mais realistas junto de seus personagens identificáveis, mas por algum motivo, a família Clade não teve o mesmo impacto dos Madrigal de Encanto (2021) ou mesmo dos Pera de Os Incríveis (2004). Searcher (Jake Gyllenhaal), Meridian (Gabrielle Union) e Ethan (Jaboukie Young-White) compõem aquela típica família de comercial de margarina, que vive em paz numa casa acolhedora, mas que, no fundo, passa por diversos problemas.
Desde o começo da animação, a relação dos três é bem explorada. A dinâmica da família é de muito companheirismo e acolhimento, e pela primeira vez na Disney vemos um adolescente gay que não tem a sua sexualidade como um tabu ou mesmo como algo que afeta sua confiança. É completamente natural, da forma que tem que ser.
Ethan é o melhor e mais completo personagem de Mundo Estranho. Desde as primeiras cenas da animação, conseguimos entender profundamente as suas maiores angústias, desde não saber falar com o garoto que gosta até explicar para o pai qual é o seu maior sonho: ser um aventureiro igual ao avô (Dennis Quaid), que desapareceu durante uma exploração.
Após Searcher ser convocado por uma antiga amiga para embarcar em uma aventura, vários dilemas familiares começam a aparecer. Entre eles, o reencontro com seu pai, que não via há mais de 20 anos. E a relação desses dois é algo muito disfuncional, desprovida de afinidade e empatia em nenhum segundo de tela. É claro que, pelos anos de distanciamento da dupla, o grande sentimento presente seria o desconforto, mas em nenhum momento essa relação transparece sinceridade. Obviamente, isso não é algo que uma criança de 7 anos irá perceber quando assistir a animação, em um momento em que eles e suas famílias são os grandes públicos alvos.
Outra coisa que deixará as crianças completamente apaixonadas - assim como eu - é com o lindo mundo estranho que conhecemos a partir da aventura de Searcher, Meridian, Ethan e o restante da tripulação. Visualmente essa animação é perfeita. Splat é uma simpática criatura que ajuda o adolescente da família e mais um sidekick perfeito do estúdio. Ele não é tão marcante quanto Olaf ou Stitch, mas tão divertido e fofo como Pascal de Enrolados (2010).
Apesar de ser fã da Disney desde sempre, entro em conflito a prática de reciclagem nas histórias do estúdio, cada vez mais frequentes. A família é sempre o foco principal, e talvez a trama seria muito mais interessante e rica se a autodescoberta ou amizades fossem o centro delas. Red: Crescer É Uma Fera (2022) faz isso perfeitamente usando os dois temas anteriores para prosseguir a história da pré-adolescente ansiosa Mei-Lin. E sinceramente, a história de Mundo Estranho se tornaria mais atraente ao público se acompanhassem apenas Searcher tentando superar seus traumas passados, ou mesmo de Ethan em suas primeiras aventuras com seu grupo divertido, porém não bem aproveitados, de amigos.
Assim como qualquer outra animação do estúdio, Mundo Estranho fará crianças pedirem os bonequinhos dos personagens de presente de Natal e os pais chorarem ao fim da sessão, com um pouco mais de esperança no coração, com lições valiosas para explicar aos filhos ao chegar em casa.

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