
Loki aumenta os riscos da segunda temporada em quarto episódio eletrizante
"Coração da AVT" é mais um exemplo do investimento emocional construído pela série

Crítica
O texto abaixo contém spoilers de "Coração da AVT", quarto episódio da segunda temporada de Loki. Você foi avisado!
É uma crueldade terminar o episódio assim, Michael Waldron. Já passamos 2/3 da temporada de Loki, e "Coração da AVT" é o capítulo que incrementa os riscos consideravelmente, encerrando com um gancho gigante que deixará os espectadores sofrendo até próxima quinta-feira. O Tear da AVT está finalmente entrando em estado crítico* e Loki (Tom Hiddleston), Mobius (Owen Wilson) e seus aliados precisam trabalhar com velocidade junto a Victor Timely (Jonathan Majors) para salvar o lugar, e toda a existência, claro.
*O Tear da AVT é o "Namekusei vai explodir" da Marvel?
Apesar da reta final frenética, o capítulo não tem tanta pressa em chegar à conclusão, e é um pouco frustrante ver alguns obstáculos sendo fabricados para que a missão de fato fique para os últimos minutos (chocolate quente é ótimo, mas sério?). Ainda assim, o episódio como um todo é um exemplo de como essa série é capaz de gerar tensão e ansiedade mesmo em situações cuja conclusão é aparentemente óbvia. Nenhum de nós realmente acha que a AVT vai acabar de vez, especialmente se tratando do Universo Marvel e do provável papel desses agentes em filmes futuros, mas o investimento emocional nesses personagens e em suas jornadas nos deixa envolvidos da mesma forma.
Investimos, e muito, na jornada de Mobius, por exemplo. Sylvie (Sophia DiMartino) o confronta quando ele diz que quer pegar uma fatia de torta no meio da crise e traz à tona o que estava implícito até aqui. Mobius quer evitar lidar com a sua realidade, e mesmo sabendo que as coisas estão totalmente diferentes, ele ainda quer manter algumas rotinas, como ir à cafeteria e discutir de forma engraçada com Loki, como ele faz ao decidir quem irá caminhar até o Tear, mais uma cena onde a química de Hiddleston e Wilson é perceptível.
O melhor momento de atuação de Wilson, porém, é quando após a bronca de Sylvie, ele se mantém calado em vergonha, incapaz de fingir que ela não acertou em cheio na sua avaliação. Semelhantemente, Hiddleston é ótimo na sua conversa com ela logo depois, um esforço que revela não só o crescimento pessoal de Loki, cada vez mais parecido com um líder sério, como também mostra o cuidado dele com seu amigo. Loki, com certeza, sabe que Sylvie está correta na sua crítica de Mobius, mas ele ainda não quer ver seu amigo triste.
Assim como Mobius, B-15 é outra figura cuja presença confere ao possível fim da AVT um bom peso dramático, em grande parte pela atuação da ótima Wunmi Mosaku, em particular nas suas interações com Dox (Kate Dickie), tentando convencê-la a ajudar a nova AVT, e quando ela descobre a general e seus homens minuto mortos, traídos por Brad (Rafael Casal) que se alia a Renslayer (Gugu Mbatha-Raw) e Srta. Minutos (Tara Strong) depois que elas escapam (com facilidade demais) do Fim do Tempo, onde Renslayer descobre seu passado de guerra com Aquele Que Permanece, do qual ela não tinha memórias por que, claro, ele as apagou.
Renslayer e Minutos se posicionam como as principais vilãs da série aqui, ameaçando Timely e o futuro da AVT, pelo menos até que OB (Ke Huy Quan, sempre um prazer) reiniciar todo o sistema de segurança e desativar a reloginho. Desligar e ligar o computador como forma de derrotar a poderosa inteligência artificial é a maior das saídas fáceis que o episódio toma, mas a morte de Renslayer nas mãos de Brad é mais satisfatória. Num momento divertido, descobrimos que o reboot de OB também suspende as medidas de segurança, e assim ambos Loki podem usar magia. Fazendo lavagem cerebral no antigo X-5, eles enganam e derrotam a inimiga. Deus da Trapaça, não é mesmo?
Seguimos, enfim, para o Tear (antes, descobrimos que foi Loki que pronou a si mesmo no primeiro episódio, como era muito teorizado entre fãs), e Timely assume o posto de inserir o multiplicador que fará a AVT aguentar as novas linhas do tempo e caminhar pela radiação temporal. A música é triunfante, e o personagem está pronto para ser corajoso. Ele dá um passo, e é desfeito em centenas de pedaços.
A radiação é demais. Não há esperança. Este eletrizante episódio, então, termina com o Tear se rasgando e explodindo tudo e todos.
É claro que não é o fim. Mesmo com o rolar dos créditos sabemos que de alguma forma, Loki, Sylvie, Mobius e OB vão sobreviver. A AVT vai persistir. Semana que vem descobriremos como, mas o impacto de "Coração da AVT" ainda existe, e não vem de um risco imaginário barato, e sim por que esses personagens se importam com os acontecimentos, e nós nos importamos com eles. Esse é o grande diferencial dessa série.

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