Loki estabelece o coração da temporada com segundo episódio comovente

Loki estabelece o coração da temporada com segundo episódio comovente

"Quem é Brad?" mostra o principal dilema da série da Marvel neste novo ano

Guilherme Jacobs
13 de outubro de 2023 - 6 min leitura
Crítica

O texto abaixo contém spoilers para "Quem é Brad?", segundo episódio da segunda temporada de Loki

O segundo episódio da segunda temporada de Loki é um respiro. Sim, há uma cena de ação, vários usos de poderes por Loki (Tom Hiddleston) e felizmente há bem mais de OB (Ke Huy Quan), mas comparado ao ritmo frenético da estreia, "Quem é Brad?" é bem mais introspectivo e calmo. A razão é clara; se o primeiro capítulo fez todo o trabalho de nos lembrar do quão divertida e empolgante essa série pode ser, a sequência busca estabelecer o coração da trama.

O dilema emocional da temporada já é visto quando vamos para Londres nos anos 1970 e Loki e Mobius (Owen Wilson) encontram X-5, ou Brad Wolfe (Rafael Casal) vivendo como um astro de cinema graças ao seu "thriller elevado", Zaniac. Muito antes dele confessar no interrogatório que abandonou a missão da juíza Dox (Kate Dickie) de (supostamente) encontrar Sylvie (Sophia DiMartino) para ter sua vida, a sua intenção e vontade estava clara. Foi ele quem ficou mais visivelmente abalado com as revelações de que os agentes da TVA tinham vidas, e aqui entendemos o que move os personagens.

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Seja para Brad, B-15 (Wunmi Mosaku) ou até Mobius, mesmo que ele diga não ter interesse nisso, as descobertas feitas por Loki e Sylvie significam uma mudança total em sua visão de mundo, e o roteiro de Michael Waldron e Eric Martin, responsável por este episódio, usa esse ponto de partida para encontrar diferentes caminhos para desenvolver cada arco. Os membros da TVA descobriram que seus deuses eram fantoches, e o manipulador morreu, mas não antes de roubá-los de suas existências.

Enquanto Brad não esconde seu desejo de voltar a ser uma celebirade e curtir Londres, Mobius parece desinteressado no que era sua vida. Na primeira cena de interrogatório onde ele e Loki tentam arrancar respostas sobre os planos de Dox, Brad sai por cima talvez por não ter qualquer indecisão quanto ao que ele quer. Ele é mais cruel com Loki, trazendo à tona o passado do deus da trapaça, mas é Mobius, quando questionado sobre como seria suas circunstâncias na linha do tempo de onde ele foi tirado, que mais fica afetado.

Ainda assim, ele insiste, em uma ótima cena de diálogo com Loki, que não quer saber como era sua vida. Talvez seja melhor. E se ela for boa demais? E se ela for ruim demais? Responder essas perguntas provavelmente levantará diversas outras, então ele escolhe a ignorância. Vamos ver quanto tempo ele continuará assim. Seja como for, tanto o interrogatório quanto esse momento na cafeteria, ou as investigações na mesa de escritório, realçam como Waldron está mais do que na primeira temporada apoiado na ideia de Loki e Mobius como parceiros. O buddy cop entre eles foi aperfeiçoado pelo texto e pela excelente química de Hiddleston e Wilson, criando rotinas e dinâmicas divertidas e muito bem-vindas..

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É exatamente isso que os leva a obter respostas de Brad, usando a boa e velha estratégia do policial bom e policial ruim. O personagem de Casal enfim entrega a localização de Sylvie.

Segundo Waldron, a razão de colocar o McDonalds no episódio (além de uma ação publicitária grande, claro), foi porque o McDonalds, especialmente naquela época, é visto como um lugar feliz para onde você vai depois de passar por algo difícil ou complicado, ou um local de celebração quando você obtém uma vitória ou tem algo para festejar. Eu mesmo tenho uma visão parecida. Quando criança, uma tia estabeleceu uma tradição de ir ao McDonalds sempre que alguém da família saía do hospital, para dar uma alegrada nas coisas depois de estar num ambiente difícil.

Sim, a presença de Sylvie no McDonalds permite que a Marvel e a lanchonete criem uma grande campanha midiática, mas é também um reflexo desse impulso infantil e inocente de querer ir para um lugar bom. Sylvie, assim como Brad, só quer ter sua vida fora da TVA, longe d'Aquele Que Permanece e onde há alegria. DiMartino captura bem o anseio emocional da personagem por isso, e quando ela vai com Loki e Mobius de volta para a TVA e vê as consequências do ataque de Dox, seu olhar é de desespero e dor. B-15 coloca a sensação em palavras: "aquelas eram pessoas."

Essas pessoas morrem porque Dox, ao invés de simplesmente ir atrás de Sylvie, resolveu bombardear todas as linhas do tempo alternativas para podá-las de uma vez. Loki, Sylvie e Mobius a prendem e impedem que o plano seja um sucesso total, mas não antes de milhões, se não bilhões, morrerem.

É isso que está em jogo agora. Nós sempre soubemos que variantes eram pessoas, mas o sucesso de Loki é levar os personagens até essa conclusão e usar isso para construir um eixo dramático. Antes, a TVA precisava podar as linhas do tempo. Agora, ela deve protegê-las.

Nota da Crítica
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Guilherme Jacobs
ONDE ASSISTIR

Loki

Drama
Ficção científica
0h 45min
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