Andor prepara terreno para finale com uma das melhores batalhas de nave de Star Wars - Crítica com Spoilers

Andor prepara terreno para finale com uma das melhores batalhas de nave de Star Wars - Crítica com Spoilers

Episódio mais quieto (com exceção da fantástica batalha de Luthen) deixa claro onde o finale de Andor irá

Guilherme Jacobs
16 de novembro de 2022 - 7 min leitura
Crítica

O penúltimo episódio de Andor, “Filha de Ferrix”, é um dos mais quietos aqui, particularmente quando colocado ao lado dos últimos dois e a conclusão do arco da prisão. Talvez por isso Tony Gilroy e o diretor Benjamin Caron tenham decidido incluir neste capítulo uma das melhores sequências de combate de nave da história de Star Wars até aqui, um momento no qual o super espião Luthen (Stellan Skarsgard) mostra por que merece essa descrição ao escapar de um Star Destroyer e destruir TIE Fighters inimigos com certa facilidade.

Até aqui, as sequências de ação de Andor observaram situações menos comuns em Star Wars (roubos, fugas de prisão) enquanto mantinham a grande temática de rebelião e esperança na face da escuridão presente em sua improbabilidade e natureza sacrificial. Batalhas espaciais, porém, são algo conhecido na galáxia muito, muito distante. Se é pra fazê-las, então, Gilroy e companhia precisam acertar em cheio, e ao construírem a situação precária no qual os rebeldes se encontram, e o quão dependente de alguém como Luthen eles são, o roteirista administra uma dose dramática imediata à cena. Se essa operação é algo frágil ao ponto de Cassian (Diego Luna) ser considerado uma ponta solta suficientemente preocupante e, portanto, digna de ser marcada para morte, o que dirá Luthen? Se capturado, o espião provavelmente não revelaria muita coisa, preferindo morrer com seus segredos, mas o vácuo deixado por sua morte seria desastroso.

Skarsgard comunica tudo isso em seu rosto. A expressão facial revela um homem calculando dezenas de possibilidades instantaneamente, buscando a melhor solução e avaliando as possíveis rotas de fuga. Seu disfarce até passa pelos identificadores imperiais, mas ele sabe que não pode assumir o risco de ser descoberto, e parte para a ação. Primeiro destruindo o raio trator da nave adversária e depois exibindo pontaria e destreza num nível visto apenas em pouquíssimos pilotos da saga, Luthen escapa ileso e deixa os fascistas boquiabertos com o que acaba de acontecer. Conhecendo Andor, porém, não será surpresa se a série revelar consequências tardias para o feito heróico. Não esqueçam do Império interrogando Bix (Adria Arjona) sobre a identidade de seu contato.

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Afinal, como ele e Saw Gerrera (Forest Whitaker) discutem em outra grande cena do episódio, eles estão em guerra, e toda ação causa uma reação. Nenhum tiro é dado em sua conversa, mas o momento não é menos explosivo do que a fuga subsequente. É raro termos o privilégio de ver dois atores desse calibre se encarando em Star Wars, e Caron aproveita bem a oportunidade, deixando as atuações e o diálogo de Gilroy no centro, mas conduzindo bem o ritmo e a progressão do embate. Assim como a aparição anterior do líder rebelde visto em Rogue One, esta serve para mostrar o quanto a “aliança” rebelde é tudo menos isso. Ainda há muitas diferenças. De estratégia, de visão de mundo, de comunicação. A única coisa na qual eles concordam é a necessidade de derrubar o império, e por isso a decisão dura de sacrificar 30 homens (mais o líder Anto Kreegyr) é vista pelos dois como um mal necessário. Tudo pelo bem maior. Ou pela guerra.

Essa abordagem é justamente o que leva o núcleo rebelde liderado por Luthen e Kleya (Elizabeth Dulau) a colocarem Vel (Faye Marsay) e Cinta (Varada Sethu) na posição de matar Cassian, e quando é decretada a morte da mãe adotiva do fugitivo, a inesquecível Maarva (Fiona Shaw, que não aparece no capítulo, mas deixa um legado enorme), todos se preparam para o combate. O falecimento de Maarva acontece off-camera, mas ainda é tratado com muito carinho por Gilroy, particularmente pela reação genuinamente emocionante do dróide B2EMO (Dave Chapman). Vê-lo em negação e insistindo em permanecer na casa da idosa foi de partir o coração. Ele pode não ser tão bonitinho quanto R2D2 ou BB-8, mas o robô rouba o holofote da série por alguns minutos e transmite emoções tão bem quanto qualquer outro no mundo de Star Wars.

Com a morte de Maarva, tudo se volta para Ferrix. Tirando a situação familiar (e financeira) de Mon Mothma (Genevieve O’Reilly, excelente em seu diálogo com a Vel de Marsay) e o retorno de Luthen a Coruscant, o planeta no qual o primeiro arco da série se passou parece ser o palco escolhido por Gilroy para o explosivo finale da próxima semana. Cinta já está lá, determinada como sempre. Vel está a caminho, mas ela não é a única. A BSI também enxerga o funeral da mulher como uma chance de capturar Cassian, e Dedra (Denise Gough) está praticamente lambendo os dedos pensando nisso. Também a caminho de Ferrix está o furioso Syril (Kyle Soller), ainda insistente na busca por vingança.

A questão agora é… que Cassian eles encontrarão em Ferrix? Sua fuga de Narkina-5 se completa com a ajuda improvável de alienígenas memoráveis e com a promessa de honrar os que ficaram para trás. O homem retornando para honrar sua mãe adotiva não é o mesmo que a deixou lá em busca de férias no caribe galáctico. Ele mesmo diz na ligação na qual descobre sua perda. “Ela estaria orgulhosa de mim.”

O funeral de Maarva seguirá o costume de Ferrix. Seu corpo será cremado e as cinzas vão ser misturadas com o cimento usado para fazer os tijolos das casas e prédios do planeta, simbolizando sua vida como pedra angular da construção daquela comunidade. O mesmo pode acontecer com Cassian Andor, futuro herói da rebelião em Star Wars. Além de construir paredes, a morte de Maarva pode ser peça fundamental em erguê-lo. Onde ele escolherá edificar esse monumento?

Nota da Crítica
Guilherme Jacobs

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