The Promised Land | Mads Mikkelsen comanda épico dinamarquês com cara de Oscar

The Promised Land | Mads Mikkelsen comanda épico dinamarquês com cara de Oscar

Novo filme de Nikolaj Arcel, de O Amante da Rainha, foi exibido no Festival de Toronto

Thiago Romariz
8 de setembro de 2023 - 2 min leitura
Crítica

O início de The Promised Land, filme de Nikolaj Arcel exibido no Festival de Toronto 2023, faz um passeio por uma paisagem inerte do interior da Dinamarca, mais especificamente um brejo. Esse local incapaz de dar frutos vira o caminho para Ludvig Kahlen (Mads Mikkelsen), um bastardo ávido por um título de nobreza, provar seu valor ao rei do país. Cego por tal de obsessão, o ex-militar parte com o pouco que tem numa busca individual por reconhecimento, e o que começa como egoísmo se transforma num faroeste europeu sobre família, legado e preconceito.

Liderado por um Mikkelsen inspirado, The Promised Land nunca se desvia das dores que uma terra pobre traz aos seus habitantes. Assim como aquele solo, que precisa de dedicação e nunca teve a crença de ninguém, Kahlen passeia pela tela como um soldado buscando sentido na vida pós-guerra e às custas da ajuda de todos que passam pelo seu caminho. Sem querer, ele acaba criando laços que fazem florescer a humanidade que ele desconhecia, assim como uma planta que pode vir a nascer naquele brejo.

A firmeza com que Arcel conduz a jornada de Kahlen é louvável, tanto quanto a suavidade com que Mikkelsen consegue transformar o personagem em um adorável e complicado fazendeiro. Kahlen quer ser nobre mas veste roupas surradas compradas em de segunda mão, ao mesmo tempo que se esforça como ninguém para aprender sobre plantio, leitura e redação. Na bondade que beira a inocência, ele é capaz de rever os próprios preconceitos e remonta como enxerga a vida. E os veículos para tais mudanças estão no excelente elenco de apoio, como a ótima Amanda Colin como Ann Barbara, a sagaz Melina Hagberg e o hilário vilão de Mortan Hee Andersen.

Por ter em mãos tanto o roteiro quanto a direção, Arcel parece controlar o ritmo da narrativa como quem sabe a hora certa de surpreender e, sem pudor nenhum, decepcionar a audiência com as atitudes de seus personagens. Mesmo que não haja espaço para melodrama barato ou atitudes heróicas desmedidas, o cineasta não esquece o tom que pincelou no início da projeção, e entrega um clímax digno de dramas épicos com a cara de premiações que o cinema tanto ama. Independente dos louros que levar ou não, The Promised Land traz de volta a melhor forma de Arcel, que parece de fato ter em Mikkelsen, também seu parceiro no ótimo O Amante da Rainha, seu grande tradutor de sentimentos.

Nota da Crítica
EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
Thiago Romariz

The Promise Land

Drama
2h 7min | 2023
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